Localizado na Rua Líbero Badaró, no centro, o Othon Palace foi reconhecido por anos como o hotel mais luxuoso da cidade. Inaugurado em 1954, o endereço recebeu, em 1961, o astronauta soviético Yuri Gagarin, que, quatro meses antes, havia entrado para a história como o primeiro homem a viajar pelo espaço. Em 1968, foi a vez de a rainha Elizabeth II, da Inglaterra, hospedar-se ali.
Com 25 andares e 14 000 metros quadrados de área, o hotel tinha 260 quartos. No último andar, funcionava o sofisticado restaurante Chalet Suisse, especializado em fondue. O primeiro subsolo vibrava com uma boate, palco de festas e eventos da alta sociedade paulistana.
Depois do fim das atividades do Othon, há uma década, o prédio, projetado pelo arquiteto alemão Philipp Lohbauer, foi declarado imóvel de utilidade pública, em 2009, e desapropriado pela prefeitura quatro anos depois, por 12,8 milhões de reais (valores atualizados). Nesse meio-tempo, duas invasões protagonizadas por movimentos sociais de moradia provocaram danos, entre eles o furto do lustre do saguão.
A partir de segunda-feira (26), o edifício ganhará mais um capítulo. Em vez de dar uso residencial ao espaço, a prefeitura decidiu instalar no lugar os cerca de 1 600 servidores da Secretaria Municipal da Fazenda, antes divididos em três prédios no centro. Ali, funcionará também uma praça de atendimento para mais de 1 000 pessoas por dia.
As obras duraram dois anos e custaram 66 milhões de reais. Para o projeto, as paredes das suítes foram derrubadas e deram vez a amplos salões.
Tombada, a fachada foi recuperada. Das peças originais, restou um letreiro de vidro, na porta de entrada, cuja inscrição “Othon Palace Hotel” aparece com sílabas a menos. A prefeitura ainda pretende restaurá-lo.