Por Mônica Santos
A rua é erma, escura, e a região, deteriorada. Mas só quem já foi até o Brás para visitar a Castelões pode compreender o fascínio dos paulistanos pelo endereço, que serviu de escola a muitas outras pizzarias abertas depois, entre elas a Bráz. “Quem sabe comer sabe esperar”, anuncia a placa na entrada, deixando claro que ali se respeitam a tradição e o tempo das coisas.
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A decoração fora de moda, com flâmulas de futebol e garrafas de Chianti penduradas, remete ao passado: o restaurante nasceu em 1924, como reduto de jogadores de um clube de várzea, entre os quais o seu fundador, o descendente de italianos Ettore Siniscalchi. No fim dos anos 40, foi vendido para o filho de calabreses Vicente Donato, amigo de Siniscalchi e garçom do lugar. A receita da pizza com bordas altas e crocantes havia chegado anos antes, pelas mãos do pedreiro Pedro Rosário, que construiu o forno e foi o seu primeiro pizzaiolo.
A tradição napolitana, na qual invencionices quase não têm vez, é seguida à risca pelo atual dono Fabio Donato (ele é neto de Vicente e assumiu o negócio em 2014, após a morte do pai, João Donato Neto). Há apenas dezoito tipos de cobertura, incluindo a de calabresa picante, marca registrada do estabelecimento, além das recentes palmito e portuguesa.
Cartões de crédito e débito não são aceitos desde sempre, mas agora a casa recebe pagamento via transferências bancárias feitas na hora. De resto, felizmente, continua tudo igual por lá.