Com reportagem de Douglas Nascimento
Mergulhada em dívidas após anos de gestão financeira temerária, a Portuguesa de Desportos viu recentemente seu patrimônio ser posto em risco com a penhora do terreno do Estádio do Canindé. Um leilão chegou a ser marcado para novembro. O objetivo era quitar débitos trabalhistas com ex-jogadores, mas o evento terminou sem nenhum lance. Um novo pregão deve ser agendado em 2017.
Para evitar o trágico fim de um dos ícones do futebol paulistano, um pedido de tombamento da arena lusa foi protocolado, em outubro, no conselho estadual de preservação do patrimônio histórico (Condephaat). O projeto é da deputada estadual Clélia Gomes (PHS) e ainda está em estudo, sem prazo para ser apreciado. A Portuguesa instalou-se no bairro do Canindé em 1956, ao comprar a área de um torcedor do São Paulo, Wadih Sadi. Ele, por sua vez, tinha adquirido o espaço, um ano antes, de seu time do coração.
A primeira medida do clube foi erguer arquibancadas com tábuas, o que rendeu ao lugar o apelido carinhoso de Ilha da Madeira, alusão à localidade de Portugal. No fim da década de 60, a direção sentiu a necessidade de construir uma estrutura de concreto e, em 1972, seria inaugurado o então Estádio Independência, batizado em homenagem aos 150 anos do Grito do Ipiranga. A partida de abertura, em 9 de janeiro de 1972, terminou com a vitória do português Benfica por 3 a 1.
Em 1979, o clube rebatizou o estádio de Doutor Oswaldo Teixeira Duarte, em lembrança ao idealizador do projeto. O nome é mantido até hoje, embora a arena seja mais conhecida como Canindé. Seu maior público foi registrado em 1982, quando 25 662 torcedores presenciaram o triunfo do Corinthians sobre a Portuguesa, por 3 a 1, pelo Campeonato Paulista.