Uma das maiores tragédias da história da capital completa oitenta anos nesta semana. Em 10 de abril de 1938, o Cine Oberdan, localizado na rua Ministro Firmino Whitaker, no Brás, exibia o filme Criminosos do Ar, de Charles Coleman. Em determinado momento da sessão, segundo testemunhas, um dos espectadores teria gritado “Fogo!” — o falso alarme nunca foi completamente esclarecido. O fato é que a plateia, tomada pelo pânico, desatou a correr em direção à saída.
As escadarias, estreitas, não comportaram o fluxo, e as pessoas começaram a ser esmagadas e pisoteadas. Após a chegada do socorro, várias delas foram removidas com vida para a Santa Casa de São Paulo, na região central da cidade, mas muitas não resistiram. No total, trinta menores de idade e uma mulher de 45 anos morreram. Todas as vítimas foram enterradas em uma cerimônia coletiva no Cemitério do Brás.
Nos dias seguintes à tragédia, fotos dos corpos estamparam jornais, como o tradicional Correio Paulistano. Isso colaborou para causar um clima de grande comoção entre os paulistanos, e o sepultamento atraiu uma multidão.
Erguido em 1927, o Cine Oberdan era decorado com azulejos portugueses no teto e estátuas no hall. A sala comportava 1 600 pessoas e seu nome homenageava o anarquista italiano Guglielmo Oberdan.
O triste episódio não levou ao fechamento do estabelecimento, que continuou em atividade por décadas, até o fim da década de 60. O imponente prédio permaneceu fechado por alguns anos e em 1972 foi transformado em uma loja de enxovais. Até os dias de hoje está em funcionamento e mantém o visual arquitetônico original.