Presentes na nossa vida desde 1971, os orelhões foram criados pela arquiteta sino-brasileira Chu Ming Silveira, então chefe do Departamento de Projetos da Companhia Telefônica Brasileira. A ideia da designer, falecida em 1997, era conceber uma proteção funcional e que proporcionasse privacidade aos usuários dos aparelhos de telefone públicos, até então instalados em áreas fechadas. Baratos e de fácil instalação nas ruas (são feitos de fibra de vidro ou acrílico), eles logo tomaram as cidades. Seu formato de ovo tinha um propósito: melhorar a acústica.
De duas décadas para cá (os nascidos depois disso só conhecem a vida com WhatsApp), os aparelhos foram caindo em desuso à medida que a internet e os smartphones foram tomando funções de outros sistemas de comunicação. Atualmente, São Paulo possui 6 958 telefones públicos, uma redução de 82,6% na comparação com as mais de 40 000 unidades espalhadas pela metrópole há três anos. A queda na quantidade de aparelhos reflete-se no número de utilização. De janeiro a agosto de 2021, os telefones no estado foram acionados uma vez a cada catorze dias. De todos os disponíveis, mais da metade ficou no gancho durante o período. Em locais de grande passagem, como a Rodoviária do Tietê, os telefones públicos estão lá, mas em cabines de acrílico quadradas. Desde 2018 as operadoras estão desobrigadas de instalar telefones conforme o número de habitantes da região, como era lei anteriormente. Mais uns poucos anos e os orelhões serão vistos exclusivamente em museus.
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de outubro de 2021, edição nº 2760