O Natal, além de tudo que a data traz de bom, pode ser uma ótima oportunidade para fazer uma variada gama de divertidas combinações entre pratos e vinhos.
Para um eventual salmão, minha sugestão é um refrescante branco da casta sauvignon blanc. O bacalhau, pescado de concentração de sabor, pode gravitar entre tintos e brancos, dependendo de seu preparo. Para receitas como brandade de bacalhau ou bacalhau com natas, sugiro um branco como da uva chardonnay ou das portuguesas alvarinho e antão vaz. Para receitas como zé do pipo ou gomes de sá, prefiro um tinto, como um frutado syrah, ou mesmo um elegante Rioja reserva, de média estrutura.
Passando do mar para o ar, as aves que mais comumente pousam na mesa de Natal são o peru e o chester. Para esses a solução vínica mais adequada vai depender de um ponto-chave. Há doçura no prato? A ave veio escoltada com as indefectíveis frutas como abacaxi ou pêssegos em calda? Nesse caso opte por um branco, se possível com acidez alta e alguma doçura, como um bom riesling alemão. Outra boa opção seria um chardonnay barricado, que traz notas amanteigadas e de baunilha, ajudando o ideal casamento com a doçura. No caso de a ave ter molho mais encorpado e sem doçura, um casamento de sucesso seria com um tinto leve e de boa acidez, caso de um beaujolais, gamay em geral, pinot noir ou dolcetto.
Para o presunto ou tender, as sugestões dadas para o peru cabem como uma luva, mas se a carne suína for um pernil, por exemplo, podemos caminhar em direção a um tinto mais importante, com algum corpo e algum estágio em barrica. Um leitão, por exemplo, casa lindamente com um tinto português de regiões do Dão ou da Bairrada, com mais acidez e taninos.
No reino do açúcar, os pratos natalinos mais típicos são a rabanada e o panetone. Para o panetone, um casamento tão clássico quanto sensacional é com um moscato d’asti, italiano frisante e meio doce, igualado apenas por um espumante moscatel brasileiro, um dos vinhos mais expressivos da indústria brasileira.
Para a rabanada, ninguém ousará servir nada diferente de um vinho do Porto, que pode ser do tipo Tawny, que também combina muito com o mix de frutas secas, comum nesta época do ano.
Finca Valcendon Coleción 7 Parcelas D.O.CA. Rioja Crianza 2018 Do produtor Finca Valcendon na região da Rioja-Espanha, elaborado com tempranillo (80%), garnacha (15%) e graciano (5%), amadurece catorze meses em barricas de carvalho francês, com 14,5% de álcool. Rubi escuro, com notas de frutas vermelhas maduras, madeira nova, baunilha, paladar de médio-bom corpo, taninos macios. Boa opção para receitas mais condimentadas de bacalhau ou pernil. R$ 117,53, na Wine.
Altitude 450 Metros Reserva Regional Lisboa Syrah Touriga Nacional 2018 Do produtor Quinta de São Sebastião, região de Lisboa-Portugal. Elaborado com syrah (58%) e touriga nacional (42%), o vinho estagia por dezoito meses em barricas francesas. Cor rubi escura, com notas de frutas negras maduras e especiarias. Paladar com taninos macios, 13,5% de álcool, acidez moderada. Boa opção para receitas mais condimentadas de bacalhau ou pernil. R$ 235,18, na Wine.
Domaine Tariquet Chardonnay Côtes de Gascone IGP 2020 Um chardonnay do sudoeste da França, com passagem de seis meses por barricas de carvalho francês. De cor palha clara. Aroma frutado, com notas de pera, maçã verde, amêndoa, baunilha. Paladar leve, com apenas 11,5% de álcool e textura macia. Pode ser um curinga para receitas de bacalhau, salmão, peru, chester ou tender. R$ 190,90, na Evino.
A Proibida Vinho Tinto by: António Maçanita 2017 Do produtor António Maçanita, elaborado com a casta isabella, uma híbrida, cruzamento de viníferas com não viníferas. Tem aromas animais, de geleia de ameixa, especiarias. Paladar de pouco corpo, 12% de álcool, com acidez alta, taninos baixos. Vai bem com peru, chester e tender. R$ 149,95, na Evino.
Publicado em VEJA São Paulo de 21 de dezembro de 2022, edição nº 2820
+Assine a Vejinha a partir de 9,90.