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Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Vinhos se tornam melhores com o tempo? Só alguns

Entenda por que certas garrafas são consideradas “de guarda”

Por Marcelo Copello
3 mar 2023, 06h00

Os chamados vinhos de guarda são aqueles que têm potencial para melhorar ao longo dos anos de envelhecimento. Como convenção, denomina-se amadurecimento o intervalo em que a bebida se afina ainda na vinícola antes do engarrafamento, o que muitas vezes acontece em barricas de carvalho.

A maturação é, então, o período após o líquido ir para a garrafa. Na realidade, raros são os vinhos que melhoram com o passar dos anos — um período de pelo menos de uma década. Para começar, o que seria “melhorar”? Todos os vinhos mudam ao longo de sua vida dentro da garrafa. A melhora se dá quando essas alterações se tornam benéficas.

É claro que isso também depende muito do gosto pessoal de quem está bebendo. Ingleses notoriamente preferem os grandes rótulos de Bordeaux no auge — o que pode levar mais de trinta anos —, enquanto os franceses cometem infanticídio abrindo-os muito antes. Nesse processo, os tintos perdem cor, ficam mais macios e ganham complexidade e integração. Há uma diminuição da sensação de acidez e de secar a boca dada pelos taninos. Os ácidos e álcoois interagem com o oxigênio e formam aldeídos e ésteres. Os brancos, ao contrário, ganham cor, escurecem, tendendo ao dourado ou âmbar.

Notas frescas se transformam em aromas como mel e frutos como a avelã. Também adquirem complexidade, maciez e integração. Numa analogia com o homem, todo vinho nasce, amadurece, mantém a maturidade por um tempo, decai até ficar decrépito e morre.

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A expectativa de vida da bebida é, contudo, variável. Vai de poucos meses em um beaujolais nouveau a até mais de século em um Porto vintage. Os fatores que conservam a bebida são a acidez, os taninos, a doçura e, no caso dos fortificados, o álcool — quanto em maior quantidade, maior a longevidade.

Mais do que esses itens, o que mais conta é a harmonia entre todos os componentes, cuja somatória nomeia-se de “estrutura” e “equilíbrio”. Um vinho com grande potencial de envelhecimento, quando é muito jovem, pode ser quase intragável. Precisa de tempo. Uma opção decrépita é aquela que já perdeu suas características, mas não necessariamente avinagrou.

Para a maioria dos rótulos, o auge é agora — 90% deles chegam às prateleiras prontos para consumo e se mantêm assim por poucos anos. Para a parcela que melhora na garrafa, a curva evolutiva varia de vinho para vinho, de safra para safra.

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Laborum Blend de Barricas 2019 Da Bodega El Porvenir de Cafayate, na região de Salta, no norte da Argentina. Elaborado com syrah (34%), cabernet sauvignon (33%) e malbec (33%), com catorze meses em barricas de carvalho francês e americano de primeiro uso, com 14% de álcool. Cor muito escura. Aroma com muitas especiarias, pimenta, menta, ameixa madura, baunilha, cravo. Paladar encorpado, com boa estrutura. Potencial de guarda: quinze anos. R$ 211,65, na Wine.

Monti Garbi Superiore Valpolicella Ripasso 2018 Do produtor Tenuta Sant’Antonio, da região do Vêneto, na Itália. Elaborado com as uvas locais oseleta, corvinone, rondinella e croatina, amadurece por doze meses em barricas de carvalho de 500 litros. Cor rubigranada clara. Aroma de cerejas, framboesas, passas. Paladar de médio corpo, nota de doçura, acidez moderada, taninos moderados. Potencial de guarda: dez anos. R$ 270,47, na Wine.

Publicado em VEJA São Paulo de 08 de março de 2023, edição nº 2831

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