Para os neófitos dessa arte, as recomendações básicas, condição sine qua non para apreciação de bons vinhos, são: servir o líquido na temperatura ideal (tema abordado anteriormente aqui) e em taças adequadas. São medidas relativamente baratas e imediatas, que farão toda a diferença, melhorando muito a avaliação da bebida.
O copo é a ponte entre o bebedor e a bebida e influencia todos os sentidos utilizados na degustação: visão, olfato, tato e paladar. O primeiro aspecto é a cor e a transparência do recipiente. O ideal é que seja totalmente incolor e de material puro e translúcido, para que não interfira na beleza da tonalidade e reflexos do líquido. O tamanho terá influência na quantidade de oxigênio a que o vinho ficará exposto e no espaço que este terá para desenvolver seus aromas. Quanto mais intenso e complexo o rótulo escolhido, maior capacidade do recipiente ele vai demandar.
Quanto ao formato, a taça ideal estará de acordo com as características do vinho: taninos, acidez, alcoolicidade e doçura. O feitio da borda, bojo, haste e boca vai determinar como o líquido terá seu primeiro encontro com o palato e qual parte da boca ele tocará antes.
Existem algumas premissas básicas para qualquer bom copo: material fino para que o contato com nossos lábios seja agradável; bojo com certa largura para que haja suficiente superfície de evaporação; e, finalmente, formato que se estreite em direção à boca de modo a manter os aromas dentro da taça. Esta deve ter sempre uma haste onde por ela ou pela base deve ser segura — jamais pelo corpo —, evitando assim esquentar o líquido e deixar marcas de dedo que atrapalhariam a apreciação visual da bebida. Importantíssimo: nunca encha demais o copo, no máximo um terço da capacidade, para que se possa girar o líquido sem derramá-lo, liberando seus aromas, e para que haja espaço livre para eles.
Existe no mercado uma infinidade de modelos e formatos de taças, diferentes para cada tipo de casta/uva e região dos vinhos. Você não precisa ter todos eles. Com dois tipos você atenderá a uma ampla gama de vinhos. Sugiro uma taça maior para os tintos e brancos de maior estrutura, que precisam de maior aeração, e uma menor para os demais.
Para os espumantes sugiro usar as mesmas taças e seguir a mesma lógica. A maior para os espumantes de maior corpo e a menor para os mais leves. Eu pessoalmente não recomendo as taças tipo flute, mas isso é tema para outra coluna, que prometo publicar em breve.
António Maçanita Fitapreta Alentejano 2018 Elaborado com o típico corte do Alentejo, aragonez, trincadeira e alicante bouschet, 50% do vinho amadurece nove meses em barricas de carvalho francês e 50% em inox, tem 14,5% de álcool, aroma de geleias, menta, morangos. Paladar de médio corpo, pronto. Pede taças maiores, tipo Bordeaux. R$ 239,90, na Evino.
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Villa D’Ancona Il Pisani Chianti Riserva DOCG 2018 Do produtor Fattoria Villa D’Ancona, elaborado com sangiovese (predominante)
e merlot, com amadurecimento de doze meses em barricas de carvalho, com 13,8% de álcool. Aroma de madeira e frutas vermelhas bem maduras, nota animal. Médio corpo, taninos e acidez equilibrados, gastronômico. Vai bem em taças maiores, tipo Bordeaux. R$ 129,90, na Evino.
M. Chapoutier Pays D’Oc Rosé 2020 Um vinho rosado do produtor Michel Chapoutier, com uvas grenache, cinsault, syrah da região de Languedoc-Roussillon, elaborado em aço inox, sem passagem por madeira, 12,8% de álcool, cor rosa-claro, com notas de frutas vermelhas, paladar leve e fresco. Pede taças menores, de vinho branco. R$ 229,90, na Evino.
Luiz Argenta Chardonnay La Cave Da belíssima vinícola Luiz Argenta, em Flores da Cunha (RS), elaborado 100% com chardonnay, de colheita manual, com seleção de cachos, desengace e seleção de grãos, amadurece com oito meses em barricas de carvalho francês sobre as borras finas das leveduras, tem 13,5% de álcool. Pede taças grandes, tipo Borgonha. R$ 160,00, nas Americanas.
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Publicado em VEJA São Paulo de 02 novembro de 2022, edição nº 2813