Vinho e Algo Mais

Por Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Especialista na bebida, Marcelo Copello foi colunista de Veja Rio. Sua longa trajetória como escritor do tema inclui publicações como a extinta Gazeta Mercantil e livros, entre eles "Vinho e Algo Mais" e "Os Sabores do Douro e do Minho", pelo qual concorreu ao prêmio Jabuti
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Qual é a taça ideal para cada vinho

Escolha do modelo adequado melhora a percepção das características da bebida

Por Marcelo Copello
28 out 2022, 06h00
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  • Para os neófitos dessa arte, as recomendações básicas, condição sine qua non para apreciação de bons vinhos, são: servir o líquido na temperatura ideal (tema abordado anteriormente aqui) e em taças adequadas. São medidas relativamente baratas e imediatas, que farão toda a diferença, melhorando muito a avaliação da bebida.

    O copo é a ponte entre o bebedor e a bebida e influencia todos os sentidos utilizados na degustação: visão, olfato, tato e paladar. O primeiro aspecto é a cor e a transparência do recipiente. O ideal é que seja totalmente incolor e de material puro e translúcido, para que não interfira na beleza da tonalidade e reflexos do líquido. O tamanho terá influência na quantidade de oxigênio a que o vinho ficará exposto e no espaço que este terá para desenvolver seus aromas. Quanto mais intenso e complexo o rótulo escolhido, maior capacidade do recipiente ele vai demandar.

    Quanto ao formato, a taça ideal estará de acordo com as características do vinho: taninos, acidez, alcoolicidade e doçura. O feitio da borda, bojo, haste e boca vai determinar como o líquido terá seu primeiro encontro com o palato e qual parte da boca ele tocará antes.

    Existem algumas premissas básicas para qualquer bom copo: material fino para que o contato com nossos lábios seja agradável; bojo com certa largura para que haja suficiente superfície de evaporação; e, finalmente, formato que se estreite em direção à boca de modo a manter os aromas dentro da taça. Esta deve ter sempre uma haste onde por ela ou pela base deve ser segura — jamais pelo corpo —, evitando assim esquentar o líquido e deixar marcas de dedo que atrapalhariam a apreciação visual da bebida. Importantíssimo: nunca encha demais o copo, no máximo um terço da capacidade, para que se possa girar o líquido sem derramá-lo, liberando seus aromas, e para que haja espaço livre para eles.

    Existe no mercado uma infinidade de modelos e formatos de taças, diferentes para cada tipo de casta/uva e região dos vinhos. Você não precisa ter todos eles. Com dois tipos você atenderá a uma ampla gama de vinhos. Sugiro uma taça maior para os tintos e brancos de maior estrutura, que precisam de maior aeração, e uma menor para os demais.

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    Para os espumantes sugiro usar as mesmas taças e seguir a mesma lógica. A maior para os espumantes de maior corpo e a menor para os mais leves. Eu pessoalmente não recomendo as taças tipo flute, mas isso é tema para outra coluna, que prometo publicar em breve.

    António Maçanita Fitapreta Alentejano 2018 Elaborado com o típico corte do Alentejo, aragonez, trincadeira e alicante bouschet, 50% do vinho amadurece nove meses em barricas de carvalho francês e 50% em inox, tem 14,5% de álcool, aroma de geleias, menta, morangos. Paladar de médio corpo, pronto. Pede taças maiores, tipo Bordeaux. R$ 239,90, na Evino.

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    Villa D’Ancona Il Pisani Chianti Riserva DOCG 2018 Do produtor Fattoria Villa D’Ancona, elaborado com sangiovese (predominante)
    e merlot, com amadurecimento de doze meses em barricas de carvalho, com 13,8% de álcool. Aroma de madeira e frutas vermelhas bem maduras, nota animal. Médio corpo, taninos e acidez equilibrados, gastronômico. Vai bem em taças maiores, tipo Bordeaux. R$ 129,90, na Evino.

    M. Chapoutier Pays D’Oc Rosé 2020 Um vinho rosado do produtor Michel Chapoutier, com uvas grenache, cinsault, syrah da região de Languedoc-Roussillon, elaborado em aço inox, sem passagem por madeira, 12,8% de álcool, cor rosa-claro, com notas de frutas vermelhas, paladar leve e fresco. Pede taças menores, de vinho branco. R$ 229,90, na Evino.

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    Luiz Argenta Chardonnay La Cave Da belíssima vinícola Luiz Argenta, em Flores da Cunha (RS), elaborado 100% com chardonnay, de colheita manual, com seleção de cachos, desengace e seleção de grãos, amadurece com oito meses em barricas de carvalho francês sobre as borras finas das leveduras, tem 13,5% de álcool. Pede taças grandes, tipo Borgonha. R$ 160,00, nas Americanas.

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    Publicado em VEJA São Paulo de 02 novembro de 2022, edição nº 2813

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