O reino de Leão uniu-se à coroa de Castela em 1037, pelas mãos do rei Fernando I. Fazia-se vinho por lá desde os romanos, como em quase toda a Europa, mas foi nos séculos XVI e XVII, após o breve período de elevação (1601-1606) de Valladolid à capital da Espanha, que o vinho teve impulso.
A influência do Caminho de Santiago também foi importante para a produção da bebida, pois motivou a instalação de monastérios durante a Idade Média — onde há monges, há vinho. A referência na região é Ribera del Duero, terra do maior ícone entre os rótulos espanhóis, o Vega Sicília, mas há muito mais. As outras Denominações de Origem (DO) são Rueda, Bierzo, Cigales e Toro, além dos “Vinos de la Tierra”, vinhos fora dos territórios ou regras das denominações.
O clima geral da região é continental, com grandes oscilações térmicas (anuais e diárias). Seu relevo é suave, devido à erosão do Rio Duero, com altitudes entre 400 e 1 000 metros. Em geral, os solos são sedimentares — areia sobre argila. O estilo, na maioria, é de vinhos de consistência profunda, perfumes intensos e personalidade marcada.
No extremo noroeste da província está Bierzo, um terroir sui generis. Lá, os vinhedos, que podem chegar a 1 000 metros de altitude, ficam em encostas inclinadas, algumas com mais de 60 graus. Os solos são de xisto com argila, com vinhas velhas, de mais de 100 anos. Faz sol (2 200 horas em doze meses) e chove bastante, cerca de 900 milímetros anuais. Essa umidade só não inviabiliza a produção de bons vinhos, pois a inclinação dos terrenos e sua composição fazem com que a água escorra e não comprometa as uvas.
Aqui a grande cepa é a mencía, que gera desde tintos leves, aromáticos e frutados, que lhe renderam a alcunha de “pinot noir espanhola”, até vinhos mais concentrados e complexos, geralmente de vinhas velhas de baixo rendimento, plantadas em encostas.
Embora a principal região para a mencía seja Bierzo, essa casta está também presente em outras partes da Espanha, como Rías Baixas, Catalunha, Ribeira Sacra, Monterrei e Valdeorras. A mencía aparece ainda em Portugal, principalmente na região do Dão, onde tem o nome de jaen e é importante, sobretudo, como componente de cortes com uvas como touriga nacional e alfrocheiro. A mencía, segundo consta, teria sido levada para o Dão por peregrinos do Caminho de Santiago de Compostela, cuja rota passa por Bierzo.
Em seu estilo, um mencía típico tem elegância, aromas frutados, terrosos e vegetais, com taninos médios e acidez entre média e alta, é fácil de beber, indo de corpo leve a médio, raramente muito encorpado.
Pago de Valdoneje Mencía Bierzo D.O. 2019
Com 100% mencía, sem madeira. De cor rubi escura, com aroma perfumado, notas florais, bosque úmido, cereja marrasquino, balsâmicos. Paladar de médio corpo, com 14% de álcool, taninos moderados, presença marcante da acidez, já agradável, mas ainda jovem. R$ 99,90. Compre aqui: evino.com.br.
Raúl Pérez Ultreia Saint Jacques Mencía Bierzo D.O. 2018
Elaborado com mencía, fermentado com cachos inteiros em barricas abertas, amadurece em cimento e carvalho. Aroma intenso de framboesas, morangos, tabaco, especiarias, café, mentol. Paladar de médio corpo. Excelente exemplo de mencía. R$ 229,90. Compre aqui: evino.com.br.
Tilenus Vendimia 2018
Feito pelo consultor Raúl Perez para a Bodega Estafanía. Com 100% mencía, sem madeira. De cor violácea, com aroma bastante frutado, ameixas, amoras, ervas balsâmicas. Paladar de médio corpo, bons taninos, acidez média-alta, 13% de álcool. Gastronômico, com potencial de guarda. R$ 141,00. Compre aqui: amazon.com.br.
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