Um amigo me presenteou com uma objetiva muito especial, que tem quase a minha idade – algo mais do que 40 anos. A lente é uma clássica Zeiss de 135mm, f/4.
Quando a adaptei em minha Canon 7D, a objetiva ficou presa em sua abertura máxima. O que poderia parecer ser uma limitação incômoda, porém, acabou virando uma fonte de soluções criativas. Eu teria que escolher mais cuidadosamente, a cada foto, o ponto preciso onde colocaria o foco. Em 135mm a f/4 é impossível colocar tudo em foco ao mesmo tempo numa só foto, e qualquer erro é claramente visível. Além disso, o tempo de exposição deve ser reajustado manualmente a cada nova foto, mais uma vez obrigando-me a pensar bem antes de clicar. Em resumo, com essa combinação de câmera e lente eu me tornei um autêntico fotógrafo da década de 1950.
E foi assim equipado que, durante minha caminhada vespertina do centro para a Paulista na sexta-feira, fui surpreendido por uma chuva feroz. A sequência de imagens aqui selecionadas forma uma narrativa simples, que dispensa explicações.