✪✪✪✪ Tia Virgínia, dirigido por Fabio Meira e protagonizado por Vera Holtz, Arlete Salles e Louise Cardoso, é mais um exemplar do que o nosso ótimo cinema brasileiro tem a oferecer. Aqui, destacam-se as atuações poderosas do trio principal (em especial, da Virgínia de Vera) e uma trama que aborda as dificuldades de uma mulher que se tornou “invisível”.
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Virgínia, que nunca se casou nem teve filhos, foi convencida pelas irmãs a deixar a vida que tinha para cuidar da mãe. Ela vive de maneira solitária na casa da família e, no início do filme, se prepara para receber as irmãs Vanda e Valquíria e o restante da família para celebrar o Natal.
A narrativa acontece ao longo de apenas um dia, mas a sensação claustrofóbica que o roteiro traz faz parecer que as situações têm outro tipo de compasso. Não que isso seja ruim – muito pelo contrário. Fabio Meira (As Duas Irenes) constrói a tensão entre os familiares e convidados ao mesmo tempo que a complexidade de Virgínia ganha vida desde a primeira cena.
É bonito e emocionante acompanhar esse breve capítulo da vida da personagem, que desaprendeu a se colocar em primeiro lugar e deu as costas para suas próprias ideias e seus planos. Vera Holtz está sublime no papel, e Arlete e Louise seguem a mesma dança. Ao fim da sessão, fica o questionamento: você tem uma tia Virgínia na família? Conhece alguma mulher parecida?
No elenco, também estão Antonio Pitanga, Vera Valdez, Amanda Lyra, Daniela Fontan e Iuri Saraiva. Tia Virgínia recebeu seis Kikitos no Festival de Gramado 2023, incluindo Melhor Filme pelo Júri da Crítica e Melhor Atriz para Vera Holtz. Em cartaz nos cinemas.
Publicado em VEJA São Paulo de 10 de novembro de 2023, edição nº 2867