✪✪✪ Apoiado em laudo do IML que indicava abuso em menino de 4 anos, na denúncia de duas mães e na convicção de um delegado, Valmir Salaro foi o primeiro repórter a noticiar o suposto caso de abuso sexual cometido em uma escola da Aclimação.
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“Eu deveria ter esperado um pouco mais”, diz 28 anos depois, em Escola Base — Um Repórter Enfrenta o Passado, do Globoplay. O episódio é uma série de erros de procedimento (da polícia à imprensa) que resultou em reputações e carreiras destruídas — e olha que na época as redes sociais nem existiam…
Um segundo exame feito na criança constatou que as marcas eram decorrentes de prisão de ventre. As mães não tinham prova (ao que tudo indica, uma delas foi levada apenas pela convicção da outra de que tinha algo errado). E o delegado estava mais preocupado com a fama instantânea do que em reunir evidências.
Os erros da imprensa foram personificados em Salaro, um dos que noticiaram o caso sem ouvir o outro lado, a versão dos acusados. E o documentário é uma espécie de mea-culpa. “Mas por que só agora?”, questiona Paula, uma das donas da escola acusadas injustamente. As outras pessoas são sua prima e sócia, Maria Aparecida, e o marido, Icushiro Shimada, já falecidos, e o então marido de Paula, Mauricio, também motorista da perua que transportava as crianças.
A obra tem passagens emocionantes, como o encontro de Salaro com Ricardo, filho do casal Shimada, que tinha 14 anos quando os pais foram presos. Uma das lacunas do documentário é não aprofundar o que aconteceu com o delegado Edélson Lemos, que foi procurado, mas não aceitou dar entrevista. Ele acabou sendo afastado do caso na época, e a investigação recomeçou com outra equipe, que incluía psicóloga para colher o depoimento das crianças e que mostrou a inocência dos acusados.
É uma história que interessa sobremaneira jornalistas e estudantes de comunicação, mas é uma ótima reflexão para toda a sociedade na era das fake news. (Alessandra Balles)
Publicado em VEJA São Paulo de 23 de novembro de 2022, edição nº 2816
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