Caminhos da Memória, lançamento da Warner Bros. Pictures, chega às salas de cinema em 19 de agosto. O filme, escrito e dirigido por Lisa Joy (cocriadora e produtora da série Westworld), se passa no futuro e é estrelado por Hugh Jackman e Rebecca Ferguson.
A partir de uma máquina que oferece às pessoas uma chance de reviver momentos importantes de sua vida, a narrativa aborda o apego ao passado e a importância de viver intensamente. E, ainda, a cidade de Miami encontra-se inundada pelo mar devido ao aquecimento global, moldando um cenário distópico e intrigante que mescla drama com ficção científica.
Jackman interpreta o cientista Nick Bannister, um investigador da mente das pessoas e o criador da máquina que observa todo tipo de memória. Quando se apaixona perdidamente pela misteriosa Mae (Ferguson), que desaparece depois de um tempo, o personagem passa a se “viciar” no passado. Ele viaja nas próprias lembranças com a amada para entender o que aconteceu.
A partir dessa reviravolta, Caminhos da Memória foca nas consequências de se olhar muito para trás e não para o presente. A dupla de atores possui uma ótima química e essa qualidade faz com que o filme eleve a complexidade da reflexão proposta. Além disso, o trabalho na fotografia e na trilha sonora contribui para um resultado marcante em tela.
Abaixo, leia a entrevista exclusiva da Vejinha com a diretora Lisa Joy.
De onde surgiu a ideia para o roteiro de Caminhos da Memória?
Quando meu avô faleceu, fui até a cidade onde ele morava com a minha avó fazia cinquenta anos para ajudar no funeral. Na entrada da casa havia um brasão com o nome “Sookie Lane”, e ele nunca me disse qual era o significado. Ao organizar seus documentos, encontrei a foto de uma jovem, provavelmente tirada há mais de meio século. Atrás dela estava escrito “Sookie Lane”. Ele não estava mais ali para me contar quem era a mulher, mas eu sabia que tinha sido alguém que marcou tanto a vida de meu avô a ponto de ele nomear a propriedade em sua homenagem. Isso me fez pensar no mundo em geral. Sobre como nós temos momentos em nossa vida e como seria bom retornar a algumas memórias. É como se tivéssemos uma constelação de estrelas espalhadas ao longo de nossa vida que brilham intensamente.
Além da ação, o filme aborda solidão e nostalgia. E, nos dias atuais, há muito a se falar sobre a saudade da época pré-pandemia. O que você pensa sobre a conexão entre ficção e realidade?
Acho que a ficção é um espelho do mundo real. E muitas das coisas contra as quais os humanos lutam são universais. A solidão é uma aflição devastadora que todos experimentam, não importa quem você seja: sofisticado, rico, bonito… todo mundo sabe como é a solidão às vezes. A universalidade disso é algo que entramos em contato como um todo durante a pandemia, porque estávamos sozinhos diante do incerto. Espero que, de alguma forma, meu filme lembre as pessoas de se entregarem aos momentos especiais enquanto eles estão acontecendo, pois infelizmente a máquina de memórias não existe. O “final feliz”, para mim, é o momento presente.
Como foi dirigir Hugh Jackman e Rebecca Ferguson em seu primeiro longa-metragem?
Hugh foi o melhor parceiro desde o início. Ele aceitou o papel mesmo sabendo que, na época, eu só tinha meu roteiro em mãos. Que estrela de cinema faz isso? (risos) E Rebecca… eu sempre pensei que ela era a atriz perfeita para ser a Mae. Eu precisava de alguém talentoso o suficiente para apresentar todas as camadas da personagem, da luz às sombras.
Após trabalhar em histórias futurísticas, como em Westworld, você pensa em dirigir um filme ou série de época?
É uma boa pergunta. Eu extraio muito do passado e dos diretores que vieram antes de mim para ter inspiração, mas realmente quero dirigir mais uma ficção científica a seguir.
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Publicado em VEJA São Paulo de 18 de agosto de 2021, edição nº 2751