O ator francês Alain Delon (cujo nome completo é Alain Fabien Maurice Marcel Delon), de 86 anos, surpreendeu o mundo ao anunciar que fará o procedimento de suicídio assistido, legalizado na Suíça, onde mora atualmente. O astro sofreu um AVC em 2019 e, desde então, sua saúde ficou debilitada.
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Mas, apesar de a decisão de Delon ter sido um dos temas mais comentados do dia, sua marca no mundo do cinema é tão forte quanto e deve permanecer nas próximas décadas. Sua presença em uma época na qual o cinema europeu ganhava fôlego no pós-guerra foi uma das mais reconhecidas por crítica e público.
Sua vida foi marcada por altos e baixos. Aos 4 anos, seus pais se separaram e sua mãe o levou para a adoção. Pouco tempo depois, o casal que o adotou foi assassinado, e Delon voltou a morar com a mãe biológica. Aos 17 anos, ele se alistou na Marinha para sair de casa. Serviu na Guerra da Indochina, onde permaneceu por 4 anos.
Depois da guerra, passou por diversas profissões, como vendedor e garçom. Em 1957, acompanhou um amigo ao Festival de Cannes e, desde então, passou a chamar atenção por sua beleza natural. Iniciou sua carreira na França, país onde nasceu, atuando em papéis pequenos. O primeiro foi em Uma Tal Condessa (1957).
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O Sol por Testemunha (1960), produção franco-italiana dirigida por René Clément, foi um de seus primeiros destaques como ator no papel principal. Ele interpreta Tom Ripley, jovem enviado para Europa para trazer Philippe, o filho de um homem rico, de volta para os Estados Unidos. O jovem engana Ripley fingindo que vai retornar para casa, mas nunca o faz. Sr. Greenleaf corta o seu pagamento e, em um momento de desespero, resolve assumir a identidade, e a boa vida, de Philippe. A história foi adaptada mais uma vez em 1999, com Matt Damon como protagonista.
Ainda em 1960, Rocco e Seus Irmãos foi lançado. Um dos grandes filmes do diretor italiano Luchino Visconti, este drama marcou época e foi indicado ao BAFTA. Quando a família de uma viúva se muda para a cidade grande, dois de seus filhos se tornam rivais românticos com resultados que podem ser mortais. Um dos diversos títulos que marcaram o Neorrealismo Italiano, movimento cinematográfico criado no pós-guerra.
Em 1962, Delon estrelou O Eclipse, filme que compõe a Trilogia da Incomunicabilidade, do cineasta Michelangelo Antonioni – uma das mais elogiadas de todos os tempos. A história apresenta uma jovem (Monica Vitti) que tem um caso com um jovem e confiante corretor da bolsa (Delon). E, em 1963, uma grande produção de época com o ator estreava: O Leopardo. O título venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes e, por este trabalho, Alain Delon recebeu uma indicação ao Globo de Ouro de Ator Revelação.
Quando ele finalmente atravessou o oceano e chegou em Hollywood, atuou em Homícidio em São Francisco (1965), mas sua carreira sempre lhe rendeu mais destaque na Europa. Ele, inclusive, recusou atuar no polêmico O Último Tango em Paris, que Marlon Brando estrelaria em 1973.
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Após participar de outros projetos europeus, anunciou sua aposentadoria em 1997. Porém, manteve presença na televisão francesa. Delon retornou ao cinema como Julius Cesar em Astérix nos Jogos Olímpicos, em 2008. Em 2017, anunciou sua aposentadoria e, em 2019, recebeu a Palma de Ouro honorária no Festival de Cannes. Ao todo, Delon competiu sete vezes pela Palma de Ouro no festival.
POLÊMICAS
Delon já disse publicamente que bateu em mulheres e que reprova a adoção de crianças por duas pessoas do mesmo sexo, entre outras declarações fortemente repudiadas. Ao receber sua homenagem em Cannes, ele respondeu às críticas. “Quando eu disse que bati em uma mulher, deveria ter acrescentado que levei mais tapas na cara do que dei. Eu nunca assediei uma mulher”, disse.
O francês também falou na época sobre os boatos de que seria homofóbico: “Não sou contra o casamento gay. Não estou nem aí, as pessoas fazem o que querem. Mas eu sou contra a adoção por duas pessoas do mesmo sexo. Uma criança deve ter um pai e uma mãe.”
EUTANÁSIA
O ator aposentado já havia comentado sobre a eutanásia em entrevistas, considerando o procedimento “a coisa mais lógica e natural”, como afirmou à TV5 Monde, em 2021.
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“Tomei a minha decisão há muito tempo, acho que a minha vida foi linda mas também muito difícil. Nunca gostei de envelhecer. Todas essas dores e desafios do cotidiano me deixam paralisado”, escreveu Alain em outro post, em 19 de março.
Sua mulher, a atriz Nathalie Delon, também decidiu pela eutanásia aos 79 anos, mas acabou sendo vítima de um câncer no pâncreas em 2021, antes de realizar o procedimento. O filho do casal, Anthony, já havia revelado neste mês que o pai cogitava pelo suicídio assistido e teria pedido sua ajuda. “Sim, é verdade, ele me perguntou isso”, disse em coletiva.
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