Você já perdeu uma oportunidade, se calou ou deixou de pedir alguma coisa porque não queria parecer ingrato ou, ainda pior, um “eterno insatisfeito”?
Eu, que desde pequena acredito que os humanos são dignos de felicidade e que sempre fui uma entusiasta da vida, vez ou outra já passei por isso. Olhando para trás, vejo que a cada situação assim eu murchava e perdia um pouco de mim.
Por sorte, a maturidade traz um centramento que nos permite olhar muitas situações por diferentes perspectivas. Quando relembro os momentos em que não pedi o que meu coração queria ou não aproveitei uma ocasião de colaborar com minha opinião por medo é como se eu tivesse esquecido do plano maior ou me desconectado do todo. Vejo que estava apagando o meu poder pessoal.
E o que é poder pessoal? É acreditar e usar a sua capacidade de influenciar o curso dos eventos, incluindo o seu comportamento, para uma transformação global positiva. Seja em você, em seu bairro ou no planeta.
Muitas pessoas me procuram porque não sabem com o que gostariam de trabalhar ou não sabem do que o mundo realmente precisa. ficam vagando na dúvida e em distrações externas. Passam o dia ocupadas demais em tarefas automáticas e se esquecem de olhar para o motor catalisador que têm dentro de si. Usar seu poder pessoal é ligar esse motor e abrir espaço em sua agenda para o que realmente importa. É ser fiel àquilo que lhe traz brilho nos olhos e contribuir com o planeta a partir do que move você.
Quando assumimos o que faz nossos olhos brilharem e exercemos nosso poder pessoal, entendemos que a felicidade está interconectada às nossas interações diárias com outras pessoas. Afrouxamos julgamentos e nos abrimos para atuar por meio da curiosidade, da gentileza, da empatia. O contrário acontece quando nos diminuímos, nos esquecemos de quem somos e temos vergonha de mostrar nosso potencial. Passamos a acreditar que estamos sozinhos e isolados, o que pode nos impedir de enxergar quem está ao lado, de tomar decisões alinhadas com nossa essência e de experimentar o universo.
Todos temos um imenso poder pessoal — às vezes, só pouco exercitado, como um músculo. Uma chama interna que não é um privilégio de poucos, mas um presente e responsabilidade de todos. com ela vem a vontade de despertar nossa coragem, cuja falta muitas vezes nos faz calar e minimizar nossos talentos com os quais viemos para fazer a diferença. Vem também a vontade legítima de conexão.
O senso de pertencimento faz parte de nós como espécie. É na rede de apoio que construímos a bravura para colocar nossa mensagem no mundo, agradecer pelo que temos, sim, mas também pedir o que queremos. Usar nosso poder pessoal, aquele que vem do desejo de agir com nosso coração, não é egoísmo, é uma contribuição que damos ao mundo.
Temos o poder de abrir nosso próprio caminho, exigir o que merecemos e inspirar mais pessoas a fazer o mesmo. explorar a interconectividade do mundo para aprender, trocar, apoiar e defender os outros. Atender às necessidades da nossa comunidade é alimentar nossa felicidade. exercer nosso poder pessoal é sobre inclusão e voltar ao básico: quanto mais eu dou, mais eu recebo.
Vivian Wolff é especialista em desenvolvimento humano e mindfulness. Facilita programas, treinamentos e workshops nas áreas profissional, pessoal, de inteligência emocional e inteligência do bem-estar. Colaboradora do Positiv App, é também mentora do Clube Você pode Voar. Lifelong learner, mãe de três e autora do insta @vivianwolff_.
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de maio de 2021, edição nº 2737