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A Tal Felicidade

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Um sabático diário

Flora Victoria é mestre em psicologia positiva e autora do livro O Tempo da Felicidade

Por Helena Galante Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 Maio 2020, 17h35 - Publicado em 22 Maio 2020, 06h00
 (Themacx/Getty Images)
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A pandemia assusta e angustia. Diante de tantas perdas e dor, será que ainda é possível falar em felicidade? Depende do que entendemos por felicidade. Mais do que uma emoção ou sentimento, falo de uma atitude proativa e positiva voltada para o aumento do bem-estar — nosso e de todas as pessoas. Sob esse ponto de vista, a felicidade é parte dos estados positivos que compõem o bem-estar psicológico. Basicamente, trata-se de sentir-se bem e de funcionar bem no dia a dia. Os benefícios são cruciais para o esforço de manter-se a salvo do novo coronavírus — e é a ciência que está dizendo isso. Os pesquisadores Abdurachman e Herawati publicaram um estudo chamado “O papel do bem-estar psicológico no aumento da resposta imune: um esforço otimizado para lidar com a infecção”. Nesse trabalho, eles selecionaram 105 estudos publicados desde 1995. E concluíram o seguinte: o bem-estar psicológico pode aumentar a resposta que nosso sistema imunológico dá às infecções. Por outro lado, o stress, a ansiedade e a depressão têm o efeito oposto: eles enfraquecem o sistema imunológico e nos tornam mais vulneráveis a doenças.

Há, aí, um poderoso argumento para continuar mantendo a felicidade em foco. É claro que funcionar bem no dia a dia não é fácil neste momento em que experimentamos mudanças e restrições tão drásticas. Mas é possível, sim. O isolamento físico não tem de ser, também, emocional. O período passado em casa não precisa ser um tempo desperdiçado. A preocupação pode ser contrabalançada com uma busca criativa pela regeneração e pela reinvenção. O medo e a ansiedade podem ser amenizados pela oportunidade inusitada que esta ocasião nos traz: de uma profunda comunhão com a humanidade.

Todos nós necessitamos de um sabático — que não precisa ser de um ano nem envolver viagens. Trata- se apenas de tirar um tempo, uma hora por dia, por exemplo, em sua residência, para cuidar de você mesmo.

E, como tantos de nós precisamos ficar em casa por causa da pandemia, o sabático diário é uma boa pedida para enfrentar este tempo de incertezas. Uma coisa que você pode fazer agora, ou fazer mais intensamente, é exercitar a gratidão. É nos momentos mais difíceis que mais encontramos motivos para nos sentir gratos. Quando nos defrontamos com a precariedade e a finitude da existência, a preciosidade de certos gestos se torna mais evidente. Se você acha que não há motivos para ser grato em meio a um confinamento forçado, pense de novo. Enquanto você tem a chance de se resguardar da exposição ao coronavírus, inúmeros trabalhadores estão sujeitos a se infectar para que você possa ter suas necessidades atendidas. Expresse sua gratidão. Estudos sugerem que a gratidão melhora a saúde física. Pessoas gratas sentem menos dores e são menos predispostas a ter febre. A saúde mental também é beneficiada, pois a gratidão “limpa” emoções tóxicas como raiva, frustração e ressentimento, além de reduzir a agressividade. Ela não apenas diminui o stress como, também, desempenha um papel importante na superação de traumas. Um estudo revelou que a gratidão foi um dos principais fatores para aumentar a resiliência depois dos ataques do 11 de Setembro nos Estados Unidos. Resiliência é a capacidade de superar adversidades sem prejuízo das características originais. Aqueles que reconheceram e apreciaram os esforços de todos os que arriscaram ou perderam a vida para salvar a vida de outros se tornaram mais resilientes. A gratidão nos deixa menos autocentrados e mais abertos para os outros. E autocentrado é a última coisa que você quer ser neste momento, pois isso o colocaria à deriva em um mar de ruminações, temores e ansiedades. Agradeça mais, sinceramente, e observe as mudanças em seu estado de espírito.

A Tal Felicidade
Flora Victoria (Mauro Nery/Divulgação)

Flora Victoria (@flora. victoria) é mestre em psicologia positiva pela Universidade da Pensilvânia (EUA). Autora do livro O Tempo da Felicidade, lançado pela Harpercollins, participou do episódio Você Precisa de um Sabático?, do podcast Jornada da Calma.

 

Publicado em VEJA SÃO PAULO de 27 de maio de 2020, edição nº 2688.

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