Cientistas liderados por Tali Sharot, da University College London, organizaram um estudo em que participantes deveriam dar a sua opinião sobre a probabilidade de eventos negativos acontecer com eles (ser roubado, sofrer um acidente de carro etc.). Em seguida, era revelada essa real probabilidade. Posteriormente, os cientistas pediam-lhes que revissem suas respostas iniciais. Sharot descobriu que, quando estressadas, as pessoas acreditam correr um risco maior de sofrer com eventos negativos do que a real probabilidade indica.
Um estudo que analisou o impacto do stress em 1552 irmãs gêmeas revelou que, quando uma das irmãs sofre mais com essa condição, suas células aparentam ser sete anos mais velhas. Outros estudos apontam o stress como o causador de doença cardíaca, câncer, diabetes, obesidade e outras moléstias. Já a neurocientista Rajita Sinha, de Yale, alerta para o fato de que o acúmulo de stress pode resultar em uma redução no volume do córtex pré-frontal do cérebro — área responsável pela resolução de problemas complexos, tomada de decisão, criatividade, linguagem, planejamento, raciocínio e projeção do futuro. Anos de pesquisa revelam que emoções negativas provocam a liberação do hormônio cortisol, que tem como função, entre outras, o desligamento do córtex pré-frontal, o que explica nossa dificuldade em raciocinar adequadamente em momentos de stress.
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Momentos de stress como o que estamos vivendo têm o poder de fazer com que as pessoas acreditem que a possibilidade de eventos ruins lhes atingir é maior do que o risco real, aumentam a probabilidade de elas envelhecerem antes do tempo e de desenvolverem doenças graves, diminuem o volume do seu cérebro e reduzem a capacidade cognitiva delas.
Por outro lado, um grande corpo de estudos revela que emoções positivas liberam o hormônio oxitocina, que causa aumento em nossa motivação, visão periférica, atenção e criatividade por estimular a atividade do córtex pré-frontal. Além disso, essas emoções melhoram o sistema imunológico e fazem com que sejamos mais otimistas.
Apesar de todos desejarem a felicidade, existe um inimigo natural dela, o Viés da Negatividade. Nossos ancestrais tinham de estar 100% do tempo atentos aos fatos negativos que poderiam acontecer com eles na selva. Assim, nosso cérebro foi moldado pela evolução para ficar mais atento aos fatos negativos, que garantiam nossa sobrevivência. existem momentos incontroláveis em nossa vida que acentuam o stress, e o Viés da Negatividade piora a situação, fazendo com que muitos escolham se afundar ainda mais em notícias ruins.
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Felizmente, há uma vacina contra o stress. Depois de duas décadas de pesquisas, a cientista Barbara Fredrickson descobriu a Proporção da Positividade. Fredrickson revela que, para cada emoção negativa diária, devemos buscar três emoções positivas. Assim a negatividade começa a ser cancelada, passamos a ter uma sensação maior de controle e colhemos todos os frutos da liberação da oxitocina. Não podemos controlar o coronavírus, por exemplo, mas podemos controlar as notícias a que nos expomos. A qual lado você tem escolhido se expor durante a quarentena? Lembre-se: o lado que você escolhe se torna a sua realidade.
Luiz Gaziri é autor de A Ciência da Felicidade, palestrante, consultor e professor da FAE Business School, PUC-PR, ISAE/FGV e Faculdade Febracis. Participou do episódio Onde Achar Motivação — Sem Autoajuda Barata, do podcast Jornada da Calma.