Por Tiago Faria
Na tela “A Procissão para o Calvário”, de 1564, o pintor flamengo Pieter Bruegel (1525-1569) imaginou um paralelo entre a via crúcis de Jesus Cristo e o sofrimento vivido pelo povo belga durante a invasão espanhola, no século XVI. A sobreposição de referências históricas e religiosas inspirou o cineasta polonês a criar um drama também multifacetado, que convida o público a refletir sobre as relações entre as artes plásticas, a realidade e o cinema. Com um arsenal impactante de efeitos digitais, Majewski insere os atores na cena composta por Bruegel. Simultaneamente, descreve o processo criativo do artista (papel de Rutger Hauer, de “Blade Runner”), testemunha da barbárie em Flandres. O visual, rico em detalhes e surpresas, é de encher os olhos. Tão logo o espectador se acostuma a essas nuances técnicas, no entanto, fica evidente a falta de traquejo do diretor para desenvolver personagens e diálogos, soterrados pela pompa do projeto. Ainda assim, trata-se de uma experiência singular, mesmo quando abusa da paciência da plateia. O longa foi exibido no Festival de Sundance de 2011.
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