A SP-Arte, maior evento da América Latina para a comercialização de trabalhos artísticos, volta a ter uma edição física, depois de três incursões on-line e uma feira presencial, cancelada em 2020 devido à pandemia de Covid-19. O endereço é agora o espaço de eventos Arca, na Vila Leopoldina, Zona Oeste de São Paulo. O período: entre 20 e 24 de outubro, ao valor de 50 reais o ingresso para cada um dos dias.
Há pouco mais de oitenta expositores, que ocupam o galpão central e um prédio anexo. Entre os participantes veteranos nacionais, em peso nesse retorno, estão as galerias Luisa Strina, Luciana Brito, Leme, Gentil Carioca, Karla Osorio e Hoa.Tour, que participou da edição on-line, mas faz seu début em 2021 na presencial.
Lendo assim, de um fôlego só, parece que a única mudança na SP-Arte foi a volta ao “real”, mas não é bem assim. Nas dezesseis edições anteriores, a feira era realizada no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque Ibirapuera. Em 2021, não houve como fazer lá, porque está em cartaz a 34ª edição da Bienal de São Paulo, Faz Escuro, Mas Eu Canto. A mais importante mostra do calendário nacional também sofreu mudanças em sua data por causa da crise sanitária. Ela ocorreria em 2020, mas acabou adiada para este ano, com inauguração feita em 5 de setembro.
“São prédios bastante diferentes, mas igualmente monumentais. A Arca nos remete à São Paulo fabril e à industrialização da cidade”, aponta Fernanda Feitosa, diretora da SP-Arte. Ela ainda detalha como é a organização espacial: “Quando você entrar no galpão, são cinco fileiras, com cerca de doze, quinze galerias em cada uma. É um percorrido curtinho. Aquelas voltadas à arte moderna estão um pouquinho mais na frente, porque são em menor quantidade. Aquelas com foco em arte contemporânea estão um pouquinho mais para trás, mas não é uma grande distância, é uma diferença de três, quatro estandes”.
Outro aspecto diferente na SP-Arte é a presença de galerias novas e coletivos, mas agora em uma posição mais central, vide a já citada Hoa. Tour, o Nacional Trovoa, a Quadra, a Verve e a Casanova. “De fato, houve uma repactuação, que tem fator geracional. Eu sempre estive perto de novos atores do circuito, mas quem dominava o mercado eram as galerias tradicionais. Não acho que nós mudamos, mas foram esses nomes mais jovens que conquistaram mais espaço na atual conjuntura e, com isso, ganharam uma representatividade maior até mesmo dentro da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abact)”, defende Fernanda, que na volta ao presencial não esqueceu do virtual.
A feira física ocorre simultaneamente à feira on-line com nomes internacionais, como a galeria Marian Goodman, participando somente desse último formato. Uma maneira de manter proximidade com colecionadores brasileiros, mas sem grandes investimentos. Reflexos de uma crise que ainda não passou.
Novidade no digital
Marketplace Nano tem lançamento previsto para novembro de 2021
O mercado de arte deve ganhar um novo integrante em novembro, o marketplace Nano, idealizado por Thomaz Pacheco. Entre as 42 galerias que venderão suas obras por lá, estão Nara Roesler e Luciana Brito. Uma das funcionalidades da plataforma é uma espécie de art advisor on-line, que auxiliará o comprador na aquisição de obras.
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Publicado em VEJA São Paulo de 20 de outubro de 2021, edição nº 2760