Uma viagem de carro de cerca de uma hora e meia — ou pouco mais de 100 quilômetros — separa o centro de São Paulo de Sorocaba. Fazer essa pequena jornada vale a pena: nossa quase vizinha tem um roteiro cultural pulsante. Merecem destaque três atividades gratuitas em cartaz no município, que poderiam estar em outros centros urbanos ricos em arte no país, como as capitais paulista e fluminense: a Trienal de Arte no Sesc; Encontros Divergentes, mostra individual do artista Túlio Pinto no Museu de Arte Contemporânea de Sorocaba (MACS); e Franz Weissmann: Entre o Material e o Espiritual, na recém-inaugurada filial da Dan Galeria, em Votorantim, que fica na região metropolitana sorocabana, área que tem uma população estimada em 2,1 milhões de habitantes pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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Essa cena artística ganhou ainda mais força durante a pandemia, quando muitos paulistanos se mudaram para o interior. “Sorocaba tem muito potencial para a atração de colecionadores de arte. Somos a 24ª economia do país, estamos a cerca de 25 minutos do Aeroporto Catarina (exclusivo para voos executivos) e da Fazenda Boa Vista (condomínio residencial de luxo na vizinha Porto Feliz)”, aponta Cristina Delanhesi, sócia da Dan. A outra dona da galeria é a família Cohn, fundadora do negócio, que tem sede na Rua Estados Unidos, no Jardim América, e se prepara para abrir outro braço na Avenida Nove de Julho, ainda neste ano.
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A Trienal de Arte, no Sesc Sorocaba, está em sua terceira edição — entrou em cartaz em 28 de agosto e segue até o dia 30. Tem como curadores Beatriz Lemos, Diane Lima e Thiago de Paula Souza, que selecionaram obras de 53 artistas. Entre os nomes nacionais estão Jaider Esbell (1979- 2021) e Juliana dos Santos. Dos internacionais, Tabita Rezaire, da Guiana Francesa, e Elvira Espejo Ayca, da Bolívia.
Chama a atenção a presença de sons bastante diferentes no espaço expositivo, vindos das obras. Às vezes, eles coexistem, mas em outros momentos parecem brigar. Sinal de que o consenso não é a melhor forma para falar de manifestações artísticas que bebem em questões identitárias e buscam se afastar de uma perspectiva eurocêntrica, como acontece na mostra. Ponto importante, depois também abordado pela Bienal de São Paulo, entre setembro e dezembro de 2021.
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As exposições de Franz Weissmann na Dan, em cartaz até o dia 29 de janeiro, e de Túlio Pinto no MACS, com visitação até o dia 23, olham para o campo da escultura. O primeiro artista, morto em 2005, é um dos grandes nomes dessa linguagem no Brasil, com peças de aço corten. O segundo segue por um caminho mais contemporâneo, em que busca uma integração maior das peças com o espaço que ocupam.
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Publicado em VEJA São Paulo de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771