Do escritório que fica em seu apartamento no bairro de perdizes, a atriz, dramaturga e curadora Grace Passô falou com exclusividade a VEJA SÃO PAULO na manhã de terça (24). A mineira, de 40 anos e voz de trovão, é a mais nova participante da 34ª Bienal de São Paulo. Por lá, ela vai criar uma instalação sonora, chamada Para Acabar com Juízo de Deus, inspirada em um programa radiofônico homônimo feito por Antonin Artaud (1896-1948) em 1947. Nessa nova roupagem, trechos de textos do poeta francês estarão acompanhados de escritos de outro francês, também poeta, Edouard Glissant (1938-2011).
“Eu me interesso em lidar com a ideia de corpos que buscam sobreviver a sistemas opressores. Corpos desgoverná- veis”, afirma a artista, que nasceu em Belo Horizonte e teve em sua casa o ponto de partida de sua formação: “Mi- nha infância foi uma overdose de Milton Nascimento e Geraldo Azevedo. Minhas irmãs me incentivaram muito a ler e a participar de concursos de literatura”, recorda ela. Na adolescência, encantou- se com Primeiras Estórias, de Guimarães Rosa (1908-1967): “A ideia de sertão me tocava. Eu me via ali”.
Nasceria também nessa torrente guimarânia Por Elise, primeira peça escrita e dirigida por Grace. por esse texto, ela ganhou o prêmio de melhor dramaturga em 2005 pela Acade- mia paulista de Críticos de Arte (ApCA). Em 2020, em quarentena, debruçada em projetos que se valem do meio virtual, ela conta seu segredo para perseverar: “Tenho sobrevivido até aqui por meio da língua artística”.
A instalação sonora de Grace na Bienal é um desdobramento de uma peça radiofônica que ela vai fazer no Festival Novas Frequências. O evento em sua décima edição contará com 43 atrações, que podem ser conferidas em: tinyurl.com/y2xqkzh5
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