Obras que conversam com o campo da cenografia muitas vezes não são bem recebidas nas artes visuais. Ainda mais quando dialogam com a ilusão de óptica. Talvez porque exista uma repetição no que é proposto. Lembra dos jogos de espelhos que resultam em imagens infinitas? Você já deve tê-los visto por aí um punhado de vezes. As instalações de Tensão, mostra do argentino Leandro Erlich, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), são um desvio dessa regra.
As mais bem-sucedidas delas exploram curiosidades prosaicas, que nós, reles mortais, temos. Vide Lifted Lift (2019), na qual Erlich reconstrói esse maquinário e convida o visitante a observar com segurança o fosso escuro abaixo da cabine.
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A mesma coisa ocorre na curiosa La Vereda (2007), um corredor no qual uma das paredes tem no pé um recorte em que se revela um espelho-d’água. A inserção desse elemento em si já causa estranheza, afinal o recinto ali é todo fechado, emparedado. No pequeno laguinho, percebe-se ainda o reflexo de fachadas de prédios. Se você for curioso e espiar o interior da obra, vai descobrir como parte da “magia” funciona.
Fecha o conjunto a famosa Piscina (1999), um tanque d’água em que é possível penetrar sem se molhar. Uma experiência que tem seu encanto em algo simples, a imagem do visitante mesclada a reflexos da água e a possibilidade de ver esses mesmos reflexos no prédio do espaço expositivo.
CCBB. Rua Álvares Penteado, 112, centro, ☎ 4297-0600. Qua. a dom.: 9h/19h. Grátis. Até 20 de junho.
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Publicado em VEJA São Paulo de 11 de maio de 2022, edição nº 2788