A Nove de Julho tem, em um prédio no número 451, um mural de Robinho Santana. “Esse trabalho aponta para a construção da negritude nas nossas crianças por meio de fatos positivos”, explica o artista, com ateliê no Bexiga.
“O afeto entre pessoas negras existe, mas é pouco falado”, defende ele, que criou outra parte dessa hipotética família em Belo Horizonte. “Se em São Paulo estão o pai e a filha, lá estão a mãe e os filhos”, explica Robinho, que trava uma luta por causa dessa segunda obra. A Polícia Civil mineira tinha instaurado um inquérito antes da realização da obra para investigar as pichações naquele prédio.
A organização do Cura, festival que promoveu a realização do painel, diz que não tinha conhecimento desse inquérito à época da pintura. Agora, festival e artista estão sendo acusados de coautoria no crime de pichação, porque eles englobaram o “pixo” na proposta artística realizada. “Não refizemos a pichação, foram feitos novos símbolos com o intuito de dialogar com essa linguagem, mas não há como falar de crime, porque foi tudo autorizado”, diz Juliana Flores, do festival Cura.
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Publicado em VEJA São Paulo de 17 de fevereiro de 2021, edição nº 2725