Por Saulo Yassuda
Endereços antigos — o mais jovem é de 1959 — seguem a servir comida ou bebida de qualidade em ambientes nostálgicos que fazem parte da rota gastronômica da cidade aniversariante.
Jardim de Napoli
Célebre pelo polpettone (87 reais), o bolo de carne achatado e recheado de muçarela, a cantina surgiu em um barracão improvisado no Cambuci e começou a funcionar como restaurante em 1949, na Bela Vista.
+ Memória: Ático Alves de Souza (1926-2022), o maître mais antigo da cidade
No atual endereço de Higienópolis, um casarão antigo, opera desde 1967. O saudoso Toninho Buonerba, filho dos fundadores e criador do prato famoso, tocou o endereço até sua morte, em 2018. Rua Martinico Prado, 463, Higienópolis, ☎ 3666-3022. → jardimdenapoli.com.br.
Casa Godinho
O empório foi aberto pelo português José Maria Godinho em 1888, na Praça da Sé, e está desde os anos 1920 no térreo do Edifício Sampaio Moreira.
Após atravessar o portal de ferro, o público encontra estantes de imbuia que vão até o teto, cheias de produtos. O piso, todo desenhado e desgastado, comprova a idade do local. Nos últimos anos, a casa começou a ser procurada pelas empadinhas (a partir de 8,95 reais), que são bem saborosas. Rua Líbero Badaró, 340, centro, São Bento, ☎ 3104- 1520, 98339-9581. → merceariagodinho.com.br.
Almanara
É um dos árabes mais antigos da cidade: nasceu em 1950. A unidade mais velha ainda em atividade — e mais bonita — ocupa o imóvel original do Bar Arpège, no centro.
Um painel com uma caravana que atravessa um deserto, em uma das paredes, deixa o lugar ainda mais charmoso. Só neste endereço tem um rodízio de especialidades (104 reais), que traz quibes, esfirras, pastas, charutinhos, cafta… Rua Basílio da Gama, 70, centro, República, ☎ 3257-7580. → almanara.com.br.
La Casserole
Em frente ao Mercado das Flores, no Largo do Arouche, o clássico bistrô francês foi fundado em 1954 pelo casal Fortunée e Roger Henry.
Segue hoje no mesmo ponto sob a direção da filha deles, Marie-France, e do caçula dela, Leo. O filé au poivre (89 reais) é uma das sugestões da casa, que no ano passado ganhou um bar moderninho nos fundos, o Infini. Largo do Arouche, 346, centro, República, ☎ e 3331-6283. → lacasserole.com.br
Castelões
Trata-se da pizzaria mais antiga da capital ainda em funcionamento, com quase um século de vida. Um tanto desgastado, o restaurante ocupa o imóvel desde sua fundação, não sem alterações no ambiente ao longo dos anos.
+ Memória: Ático Alves de Souza (1926-2022), o maître mais antigo da cidade
Fotos de antigamente rememoram os velhos tempos do lugar, hoje tocado por Fabio Donato. Do forno a lenha saem pizzas de primeira, como a castelões (102 reais), de muçarela e rodelas de calabresa artesanal sobre molho de tomate. Rua Jairo Góis, 126, Brás, ☎ 3229-0542. → @cantina_casteloes.
Bar Léo
É um dos bares mais antigos da cidade, nascido em 1940. Foi batizado pelo curitibano Leopoldo Urban, que vendeu a casa nos anos 60 para Hermes de Rosa.
+Assine a Vejinha a partir de 12,90.
Desde 2012, o lugar é controlado pela Fábrica de Bares e segue com o visual antiguinho: vitrais coloridos, canecas penduradas e as velhas bolachas de cerveja na parede. O Léo é o pai dos bares que servem chope (10,90 reais), pois seus copos com generosas camadas de creme viraram referência cidade afora. Rua Aurora, 100, Santa Ifigênia, ☎ 3221-0247. → barleo.com.br.
Acrópolis
Tradicional endereço grego, se mantém desde 1959 no Bom Retiro. Por muitos anos, foi tocado pelo grego Thrassyvoulos Georgios Petrakis (1918-2016), o seu Trasso, que em 1961 se tornou garçom da casa, aberta por um conterrâneo como Cantinho Grego. Hoje, é comandado pelas filhas.
No ambiente simples, meio de boteco, são provadas opções como a mussaká (38 reais), espécie de lasanha de berinjela e batata entremeada de carne moída e coberta por molho bechamel gratinado. Rua da Graça, 364, Bom Retiro, ☎ e 3223-4386. → @restauranteacropolis.
ESPECIAL SP 468 ANOS> Em comemoração ao aniversário de São Paulo, a Vejinha também entrevistou crianças paulistanas e personalidades que relembraram memórias e lugares na capital. Veja também as transformações que a cidade sofreu ao longo dos séculos. Confira as outras matérias especiais da semana:
> Minha São Paulo: personalidades revelam lugares e memórias da cidade
> Onze transformações que aconteceram em São Paulo no último século
> Pequenos paulistanos retratam seus locais favoritos na capital
Por Saulo Yassuda
+Assine a Vejinha a partir de 12,90.
Publicado em VEJA São Paulo de 26 de janeiro de 2022, edição nº 2773