É quase uma lenda gastronômica e um dos mais autênticos símbolos culinários de Roma. Estou falando do fettuccine all’afredo ou fettuccine alfredo, inventado na capital italiana.
Provei a versão original, servida no restaurante Alfredo, na capital italiana, onde o molho foi criado, e aqui em São Paulo, a criada em homenagem à original com o nome de fettuccine imperiale pelo chef Marco Renzetti, na Osteria del Pettirosso, cantina número 1 na edição 2013 do “Comer & Beber”. O veredito revelo já, já.
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Antes, contarei um pouco da história da receita.
Como uma simples mistura de manteiga, parmesão e água para banhar a massa de fios longos, planos e estreitos se tornou tão famosa, correu o mundo e invadiu tantos cardápios? A resposta não poderia ser mais glamourosa.
Bastou uma visita do casal sensação de Hollywood, Mary Pickford e Douglas Fairbanks, durante uma viagem em 1927.
Astros do cinema mudo, Pickford e Fairbanks teriam visitado o restaurante Alfredo, que na época ficava na Via della Scrofa — a inauguração foi mais de duas décadas antes na Piazza Rosa. De tão encantados com o prato, presentearam o proprietário Alfredo Di Lelio com um garfo e uma colher de ouro.
Talhares preciosos para saborear o macarrão. Pronto. Foi adicionado o ingrediente necessário para gerar o mito e virar objeto do desejo.
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A II Guerra Mundial trouxe consequências danosas para o negócio de Di Lelio, que acabou por passar o restaurante com seu nome, em 1943, aos funcionários do estabelecimento. Só em 1950, o restaurateur tornou-se novamente o dono, agora fixado na Piazza Augusto Imperatore, 30, onde permanece até hoje. Atualmente, possui franquias internacionais, duas delas no Brasil, uma em Salvador e outra no Rio de Janeiro.
A sede romana ocupa um salão gigante no centro histórico da Cidade Eterna, é decorada com fotos de muitas das celebridades de outras eras que ocuparam suas mesas, entre elas beldades como a princesa Grace Kelly e a atriz Elizabeth Taylor, além dos craques Pelé e Falcão.
Há torcida a favor e contra o fettuccine alfredo. Os detratores costumam dizer que essa não seria uma invenção. Di Lelio teria apenas feito uma reelaboração do clássico al triplo burro, ou três vezes manteiga.
Sou do time dos que torcem a favor. Gosto dessa versão simples e cheia de sabor. Aliás, não só eu, mas uma legião nos quatro cantos do planeta, já que o molho foi copiado à exaustão.
Já publiquei no blog a versão do chef Marco Renzetti, que você confere aqui. Se não der certo ao tentar fazer em casa essa mistura rápida, mágica e um pouco trabalhosa — nem pense em desanimar. É frequente errar na primeira vez de preparar o molho.
Bem, você deve estar se perguntado: já que o Lorençato foi tão longe para provar o prato e compará-lo com o da Osteria del Pettirosso, o que ele achou?
Ambos são bons. Em Roma, a massa é delicada, porém, muito mais mole do que eu gostaria e do que seria ideal — sim, na Itália também tem massa mole. O molho, porém, é imbatível. Mesmo com o garçom no piloto automático de tanto preparar para incontáveis turistas como pode ser visto no vídeo, ele vem fluído e ao mesmo tempo viscoso, impregna no macarrão.
Em São Paulo, Renzentti, na Osteria del Pettirosso, acerta no cozimento, o macarrão fresco vem al dente como eu gosto. O molho é muito bom, mas em Roma é ainda melhor.
Terminamos em empate. Placar 1 X 1.
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Para terminar, só gostaria de lembrar uma coisa, como faço em São Paulo, em Roma também paguei a conta e fui lá como qualquer cliente. A diferença é que fotografei tudo e aproveitei as benesses do celular para gravar a visita em vídeo.
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