O que faz do MasterChef Brasil o mais interessante programa de competição culinária do país? Colocar um monte de amadores para competir numa bela cozinha-estúdio que tive a oportunidade de visitar como jornalista em temporadas anteriores.
(Se quiser ir direto à entrevista, pule os cinco parágrafos seguintes)
Diferentemente do que aconteceu em outras temporadas, a disputa esta está muito polarizada, com muitos participantes que foram parar no paredão das redes sociais. A eliminação da dentista Mirian Cobre é prova disso.
“Não sabia trabalhar em equipe”
Embora fosse uma cozinheira atrapalhada com alguns processos, Mirian chegou longe na competição. Certamente, os chefs viram com bom paladar os pratos feitos por ela até o episódio de ontem (25). Não dá para entender a severidade do público com julgamentos tão duros. Dizer no Twitter que vai nadar no choro da derrotada não é coisa bonita. Cadê o espírito esportivo?
A eliminação de Mirian ficou parecendo coisa de torcidas que se enfrentam em estádio. Só que, neste caso, os petardos são lançados livremente em tuítes. Ainda bem que o telespectador está no conforto de sua casa e não numa prova ao vivo. Senão poderiam voar panelas de verdade que não se restringissem a esse panelaço virtual.
“Depois do programa, meus valores mudaram”
Deve ter havido candidato melhor do que ela que caiu fora antes? Provavelmente. Mas esse show de talentos é uma disputa e se dá melhor também quem tem estratégia. Foi feio a Mirian ter tentado colar da Deborah, como já havia feito com o Leonardo no episódio anterior. Mas o tuiteiro que nunca colou levante o cutelo.
O que importa de verdade é observar as falhas culinárias da candidata. O pato ficou cru e o molho ácido, o que funcionou como passaporte de partida.
“Não sou o perfil para chegar em primeiro lugar porque sou mais velha”
Entrevistei Mirian por telefone. Ela contou que fez amigos. E não foi só o Leonardo. Ela fala com carinho da Deborah, do Leonardo, da Aderlize, da Yuko (que mora perto da casa dela), da Nana, definida como uma “menina meiga e muito educada”. Lamenta ainda não ter conseguido o passaporte para ir ao casamento do Vitor V, em Mônaco. Por outro lado, não a convide para dividir a mesma mesa com Fabrizio, Taise e Ana Luiza. Veja os principais trechos da nossa conversa:
Ficou assustada com a reação do público nas redes sociais depois de sua eliminação?
Vou ser sincera com você. Por onde ando, tenho um público infantil imenso. O público gay também. As pessoas pedem para tirar fotos comigo. Nas redes sociais, as pessoas têm coragem para tudo. Acho que consegui mostrar que não era ruim. Mas o público prefere o modelo de pessoa que é santinha diante das câmeras.
Como era sua relação com as câmeras?
Eu não pensava que as câmeras estavam lá. Tenho 58 anos e acho que os mais jovens encaram as câmeras com mais facilidade. Às vezes eu era meio grossa com as pessoas e elas também comigo. Tiveram brigas, mas muita harmonia também. Sempre trabalhei sozinha em um consultório, não sabia trabalhar em equipe. É sempre assim: um manda e os outros obedecem. Mas consegui melhorar durante as gravações.
Foi muito difícil preparar o pato recheado?
Errei no magret mesmo. A parte entre o recheio e a pele não cozinhou. Nunca tinha feito. Mas acho que haviam outros piores. O do próprio Leo, que não puxou as frutas e a cebola na manteiga. Como fiquei na berlinda com o Leo, torci por ele, que é muito mais novo.
Qual foi o principal problema na prova realizada no restaurante Tuju?
No Tuju, o Valter mostrou que é um bom jogador. Ele deixou o peixe que era mais difícil para mim. E não me ajudou. Para piorar, não sou muito de ir a restaurantes, o que tornou tudo muito difícil.
Como era seu relacionamento com os colegas?
Nos camarins, a gentileza de algumas pessoas desaparecia. Havia até bate boca. Lá dentro, os outros participantes se reuniam para discutir como iam me pôr para fora.
O que mudou depois de sua participação no programa?
Mudaram meus valores depois da participação no programa. Era uma pessoa muito exigente com minhas filhas e comigo mesma, em especial para estudar. Juro que não sou uma pessoa difícil de lidar. Não sou chata. As minhas secretárias trabalham há anos comigo.
Como encarou sua saída?
Claro que fiquei chateada. Mas valeu muito. Encontrei pessoas maravilhosas. Foi um aprendizado, embora tenha achado que fui boba várias vezes. Não sou um perfil para chegar em primeiro lugar porque sou mais velha.
Obrigado pela visita. Aproveite para deixar seu comentário, sempre bem-vindo, e curtir a minha página no Facebook. Também é possível receber as novidades pelo Twitter.