Embora o italiano Francesco Paolo Lo Schiavo tivesse orgulho de seu novo negócio, a confeitaria Di Cunto, na Mooca, foi somente quatro anos atrás que ele adquiriu 70% da casa fundada em 1935 por quatro imigrantes, um deles casado com uma tia do empresário. “Ele queria resgatar as tradições da família”, afirma Marina Lo Schiavo, a filha mais velha e que trabalhava com “seu” Paolo desde os 13 anos. Infelizmente, Lo Schiavo não levará o sonho adiante. Ele é mais uma vítima da Covid-19. Morreu nesta terça, 14 de julho, aos 69 anos.
Nascido em Castellabate, “cidade dos Di Cunto e dos Matarazzo”, como gostava de dizer, migrou para São Paulo em novembro de 1975 com apenas 24 anos. Cursava o quarto ano de engenharia em Nápoles, quando resolveu mudar de vida a convite do irmão Nicola Lo Schiavo, que havia se radicado na cidade.
Foi também na metrópole que conheceu Marlisa Saporito Lo Schiavo, com quem se casou em 1981. Com o apoio da mulher, começou a trabalhar com importação na Zona Cerealista. Em 1988, fundou a Metapunto, que nasceu como um armazém de condimentos como alho, além de castanha e bacalhau, na Rua Professor Eurípedes Simões de Paulo. Migrou depois para a Rua da Cantareira no formato de galpão de importados, em particular vinhos, mas para venda no atacado. “Abriu para o público em 1997, quando sugeri para ele”, lembra Marina. Essa unidade, transformada em um empório fino, foi fechada em setembro de 2019. A Metapunto permanece nas mãos da família, mas com o complemento Così nome, e fica no Campo Belo, onde foi montada três anos atrás.
Com faro para negócios no ramo da alimentação, Lo Schiavo montou em 1999 a Central da Luz, na Rua Paula Sousa esquina com Canteira, para vender insumos e equipamentos usados na produção de sorvete italiano, que teve um boom na cidade naquele momento. Incomodado porque algumas pessoas associavam ao nome “luz” uma loja de material elétrico, três anos trocou para Central do Sabor. E transferiu-se para o número 190 da mesma Paula Sousa onde continua até hoje com um portfólio consideravelmente ampliado com produtos para confeitarias e padarias. O empreendedor chegou até a abrir uma cacharia para prestigiar a bebida nacional na mesma região do centro, mas não vingou.
Lo Schiavo vinha de um momento particularmente feliz, em especial com uma homenagem recebida no fim do ano passado, quando recebeu o título de cidadão paulistano na Câmara Municipal.
Na família, não foi só ele que contraiu o novo coronavírus. Já recuperada, sua mulher também foi contaminada assim como o sogro Hugo Saporito, de 96 anos, que permanece internado há um mês no Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
O empresário, que estava se melhorando dos efeitos causados pela Covid-19 depois de 20 dias de internação no Sírio Libanês, os 14 últimos na UTI, morreu em consequência de uma infecção hospitalar. Deixa a viúva, os filhos Marina, Marcella e Hugo, e dois netos filhos. É Marlisa, junto do trio de herdeiros, quem vai tocar os negócios familiares, entre eles a tão acalentada Di Cunto.
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