Blog do Lorençato

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O editor-sênior Arnaldo Lorençato é crítico de restaurantes há 30 anos. De 1992 para cá, fez mais de 15 000 avaliações. Também é autor do Cozinha do Lorençato, um podcast de gastronomia, e do Lorençato em Casa, programa de receitas em vídeo. O jornalista é professor-doutor e leciona na Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Herdeira de Marcos Bassi conta como fica o Templo da Carne

Quase um mês atrás, uma notícia entristeceu os fãs de churrasco feito com categoria. Marcos Bassi, cujo nome de família era na realidade Guardabassi, morreu aos 64 anos. Seu legado, porém, segue sólido, inalterado. Hoje, quem cuida da churrascaria Templo da Carne Marcos Bassi e outros negócios são as duas filhas de, Tatiana e Fabiana, […]

Por Arnaldo Lorençato
Atualizado em 27 fev 2017, 11h01 - Publicado em 20 abr 2013, 10h45
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  • Tatiana: responsável com a irmã, Fabiana, em dar continuidade ao trabalho do pai (Foto: Arnaldo Lorençato)

    Quase um mês atrás, uma notícia entristeceu os fãs de churrasco feito com categoria. Marcos Bassi, cujo nome de família era na realidade Guardabassi, morreu aos 64 anos. Seu legado, porém, segue sólido, inalterado. Hoje, quem cuida da churrascaria Templo da Carne Marcos Bassi e outros negócios são as duas filhas de, Tatiana e Fabiana, além da viúva, Rosa Maria.

    + Memória: Marcos Bassi, o mestre do churrasco 

    Na semana passada, almocei com Tatiana, formada em administração com ênfase em marketing pela Univerdade da Califórnia (Ucla). Ela conta que depois da morte do pai, o movimento do restaurante aumentou, em especial aos fins de semana. São fãs que continuam prestigiando a casa. Também revela com exclusividade que está montando a Universidade do Churrasco, que em outubro recebe Dario Cecchinni, um dos maiores especialistas em carnes da Itália e que planeja abrir uma filial da churrascaria no eixo Jardins-Itaim. Ela me concedeu a seguinte entrevista:

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    Casa lotada: almoço de quinta (Foto: Arnaldo Lorençato)

    O que muda sem a presença de seu pai?

    Praticamente nada. O planejamento para o restaurante e os outros negócios já está feito há muito tempo. Meu pai era um homem organizado em tudo que ele fazia. Era detalhista, minucioso. Com ele, montamos um planejamento até 2016. Estão lá todos os festivais, todas as pessoas que vamos receber, a programação de mídia. Só ele que não estará aqui para apertar a mão dos clientes.  Mas tudo que ele ensinou continuará sendo aplicado.  Agora de uma forma mais jovem, renovada, acompanhando o mercado, as tendências. A essência, porém, sempre será a mesma. Continuaremos a ser uma casa de grelhados com bifes altos, carnes com osso, exatamente do jeito que ele deixou. Não mexeremos de maneira alguma no essencial. Vamos renovar as toalhas, teremos talheres melhores, pratos mais bacanas. Também teremos um site renovado, um Facebook diferente. Faremos pequenas modificações inclusive no cardápio como colocar uma cebola mais incrementada, talvez um creme de espinafre. Isso em longo prazo, porque precisamos desenvolver os produtos e termos a confiaça em fornecedores sérios para manter o padrão que nosso cliente está acostumado. A intenção é melhorar as sobremesas. Ainda está em negociações, mas queremos desenvolver com a Diletto um sorvete de abacaxi, sabor que não a empresa não tem no portfolio. Será um sabor exclusivo.

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    Você recebeu um convite para substituir seu pai na Rádio Bandeirantes. Como será a sua participação?

    Passarei a fazer o programa de rádio que ele fazia na Bandeirantes [ durante a entrevista, ela revelou que faria o primeiro piloto no dia seguinte]. Vou contar curiosidades da vida dele porque sempre acompanhei meu pai no trabalho. Quando eu era pequena, época em que o caminhão não tinha como entrar no frigorífico e o ajudante responsável por descarregar as carnes estava sozinho, quantas vezes vi meu pai por o jaleco, pegar um traseiro de carne, por nas costas e ajudar a descarregar. Eu estava sempre junto dele. Era eu quem levava o jaleco e as botas para ele. Contarei histórias como essas. Meu pai tinha muitos fãs e as pessoas querem saber como ele era. Desde a época que ele começou, quando vendia miúdos, quando comprou o açougue, quando montou a churrascaria.

    O paraibano Joelio Salles, o dono da churrasqueira: “Repito tudo que aprendi com o Bassi” (Foto: Arnaldo Lorençato)

    Como está o movimento do restaurante?

    Aumentou o movimento depois da morte do meu pai. Vem muita gente de fora de São Paulo, em especial aos fins de semana. Tenho recebido clientes de Goiania, Belém e de várias cidades do sul. São pessoas que conheceram o trabalho dele pelo rádio, pela TV, pela internet. Elas vêm com muita curiosidade. Por isso, aumentou demais a venda do livro [Carnes e Churrasco, Senac, R$ 99,90] lançado por ele no fim do ano passado e que já está terceira edição. Também há muita procura pelo DVD no qual ele explica os segredos do churrasco, agora também em espanhol e inglês.  Antes, tínhamos 40 mil visitas semanais aos vídeos dele no Youtube. Agora, são 140 mil a cada sete dias.

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    Além do restaurante, que outras atividades vocês continuarão desenvolvendo?

    Teremos curso para ensinar a fazer churrasco em módulos. Serão bem simples, fáceis. Ensinaremos desde coisas básicas como acender o fogo na churrasqueira, o manuseio da churrasqueira, a diferença entre os cortes, como escolher as carnes na hora da compra. Os cursos serão ministrados pelo Joelio Salles, nosso churrasqueiro que está há vinte anos na casa, começou lavando pratos e foi crescendo até chegar a responsável pela grelha. Será por reserva e com degustação.  Já temos o nome patenteado. Chamará Universidade do Churrasco. A única coisa que não teremos, infelizmente, são as palestras, que meu pai ministrava.  Junto com ele, tínhamos criamos uma caricatura do Bassi, não exatamente ele, mas uma espécie de irmão mais brincalhão. Com esse desenho, o Big Butcher, estamos preparando vários produtos como camisetas cujo tema é a preparação do churrasco, aventais. É Marcos menos sério e mais divertido. Também
    continuaremos fazendo churrasco para festas e grandes empresas.

    Entre os festivais que estão previstos, qual a principal atração?

    Em outubro, vamos receber o Dario Cecchini, um dos maiores especialistas em carne da Itália. Ele ficou amigo do meu pai quando descobriu a maneira que ele fazia a bisteca fiorentina pelo vídeo. Teremos uma novidade já na semana que vem. Dia 24, a próxima quarta, é dia do churrasco e do chimarrão. Teremos uma promoção. Quem pedir a fraldinha, ganha garrafa de vinho e uma faca personalizada da churrascaria.

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    Bassi: legado levado adiante pelas filhas e pela esposa (Foto: Alexandre Schneider)

    E como será a Memória Bassi?

    Temos um acervo grande dos equipamentos que ele usou no trabalho. Ele guardava tudo, desde as primeiras facas que usou no açougue, peças como os garfos, as chairas (amoladores) e tábuas, em especial as usadas para churrascos que ele fez para presidentes e outras pessoas famosas. Montaremos uma painel expositivo aqui no restaurante.

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