O efeito foi rápido neste ano. Um grupo de chefs e donos de restaurantes do mundo inteiro protestou contra a legitimidade do prêmio The World 50 Best Restaurants, promovido pela revista inglesa Restaurant. Em comum, esses representantes gastronômicos caíram de posição ou nem apareceram na lista. Foi criado ainda o movimento Occupy 50 Best, questionando a publicação.
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Em reportagem publicada ontem no caderno “Food”, do diário americano The New York Times, a jornalista especializada Julia Moskin ouviu ou usou declarações de três personalidades que engrossam o coro dos descontentes. Curiosamente, o trio faz ou fez parte do júri do concurso que reúne quase 900 pessoas de várias partes do planeta — restaurateurs, chefs, gourmets, professores de gastronomia, blogueiros e jornalistas — que devem, de acordo com as normas do prêmio, ter visitado os restaurantes indicados nos últimos dezoito meses.
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Um dos entrevistados é o chef argentino Francis Mallmann, um dos pioneiros a levantar a bandeira vermelha contra o prêmio. Como relata Moskin. Mallmann concorda que os premiados “são alguns do melhores do mundo”. Por outro lado, acredita que em vez de trabalhar duro, há chefs fazendo lobby e política para integrar a lista.
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Moskin também usa declarações de uma das grandes estrelas da gastronomia francesa, o chef Joël Robuchon, cujo restaurante L’Atelier de Joël Robuchon, no 7ºarrondissement de Paris, despencou do número 31 para o 63 da lista. Robuchon põe em dúvida se existe realmente prova das visitas dos jurados aos restaurantes, uma vez que não se exigem notas fiscais dos eleitores e aponta essa como a maior brecha no processo de votação. Lembro aqui também que o prêmio não paga a conta de nenhum jurado, o que torna difícil a exigência dos comprovantes.
Há inclusive uma reclamação velada de que dois dos restaurantes que ocuparam o primeiro lugar — Noma e The Fat Duck — serviram refeições que teriam intoxicado seus clientes. No Noma, mais de 60 pessoas passaram mal em 2013 depois de ter comido por lá, e no Fat Duck, pelo menos 30 em 2009.
Do Brasil, o entrevistado é o restaurateur Rogério Fasano, dono do Fasano, uma referência de qualidade em culinária italiana em São Paulo e no Brasil. Conversei com o empresário ontem mesmo. “A lista é personalista e fica patética quando elege o 50 melhores restaurantes do mundo. O correto seria eleger os chefs mais criativos do mundo e destinar o prêmio a esses profissionais”, acredita. “Globalmente, o universo de restaurantes globalmente é de uma vastidão o que não permite escolher o melhor.”
As declarações de Fasano encerram o texto de Moskin. Diz o restaurateur que a maioria dos empresários do ramo conhece os avaliadores e que, por isso, eles teriam tratamento especial nos restaurantes. Além disso, haveria assessores de imprensa que oferecem maneiras de se dar bem na lista.
Vale lembrar ainda que há uma década, o contemporâneo D.O.M., de Alex Atala, faz parte da lista. Neste ano, ficou na nona posição. O único outro brasileiro a aparecer na seleção é o também paulistano Maní, com cozinha arrojada de Helena Rizzo e Daniel Redondo. Helena foi inclusive eleita a melhor chef do mundo em 2014. Neste ano, o posto pertence à francesa Hélène Darroze, que tem restaurantes com seu nome em Paris e Londres.
Para ler a reportagem completa do NYT, clique aqui.
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