Não é segredo que camisetas e tênis falsificados são vendidos há anos nas ruas 25 de Março e Santa Ifigênia. Mas basta uma conversa rápida com ambulantes para descobrir outros artigos ilegais. Entre eles, o Pramil, remédio para impotência sexual fabricado no Paraguai. A cartela com vinte pílulas azuis custa 30 reais e, se o freguês pechinchar, é possível levar duas por 50 reais. O medicamento mais famoso do gênero, o Viagra, produzido pela americana Pfizer, é vendido nas farmácias por 97 reais (a caixa de 50 mg com quatro unidades).
Alguns vendedores clandestinos chegam a oferecer o concorrente “made in Asunción” a plenos pulmões em frente à Galeria Pagé. O interessado espera na calçada enquanto a pessoa busca a mercadoria em um boxe na Rua da Cantareira. Alguns chegam a acompanhar o cliente até um caixa eletrônico para não perder o negócio. O emagrecedor Sibutramina, o abortivo Cytotec e anabolizantes também estão disponíveis.
O Pramil teve a comercialização suspensa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em 2002, por não passar em testes para comprovar a concentração do princípio ativo, o citrato de sildenafila, o mesmo presente na fórmula do Viagra. Uma análise realizada pelo pesquisador Luan Felipe Oliveira, do Laboratório Thomson de Espectrometria de Massas da Unicamp, a pedido de VEJA SÃO PAULO, mostrou que os dois remédios têm a mesma quantidade da sildenafila, mas o contrabandeado tem uma proporção maior de impurezas. Isso pode gerar riscos para o organismo.
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Em muitos casos, no entanto, o efeito esperado é atingido, independentemente da qualidade da pílula. “Ela funciona como placebo nos casos de disfunção erétil de causa emocional, que representam 30% do universo dos pacientes”, diz o urologista João Luiz Amaro. Investigações das polícias Civil e Federal mostram que o Pramil e outras drogas ilegais entram no país por meio de sacoleiros, pela fronteira com o Mato Grosso do Sul.
Em 2015, em São José do Rio Preto, no interior do estado, a PF desbaratou uma quadrilha que trazia anabolizantes produzidos com matéria-prima da China. Mas o trabalho de repressão é insuficiente. No momento, as duas polícias não mantêm operações para coibir vendas no centro.
O volume de remédios apreendidos neste ano pela Receita Federal no estado caiu 85% em comparação com o ano passado. Entre janeiro e novembro, foram interceptadas 16 638 unidades, contra 112 783 em 2015. O crime contra a saúde pública prevê pena de até quinze anos de detenção.