Embora o número de viagens pela região metropolitana que têm a bicicleta como principal meio de transporte ainda seja proporcionalmente pequeno, se comparado aos milhões de usuários de Metrô, trens e automóveis, o meio de transporte limpo teve um crescimento médio de 24% na última década na região metropolitana. Em algumas áreas, como os eixos das Avenidas Faria Lima e Engenheiro Luís Carlos Berrini, que receberam ciclovias, esse acréscimo chega a 1 173%.
Segundo os dados da pesquisa Origem e Destino do Metrô, que serão divulgados nesta quarta-feira (3), o total de viagens de bicicleta passou de 307 000, em 2007, para 377 000. E o uso do modal é maior em cidades ao redor da capital, como Guararema, Ribeirão Pires e Suzano. Mas no eixo da Zona Oeste da capital paulista, enquanto a pesquisa feita em 2007 apontou 398 viagens de bicicletas por dia, em 2017 o número saltou para 5 067.
A advogada Alessandra Rangel, de 42 anos, ainda lembra do dia em que resolveu trocar o carro pela bicicleta. Foi há cerca de um ano, em uma tarde em que ficou mais de uma hora presa no trânsito, para completar um trajeto de 5 quilômetros. O engarrafamento travou a região da Avenida Faria Lima, na Zona Oeste, onde Alessandra trabalha há dez anos. O uso da bicicleta aumentou 1 173% nesse período, por causa de pessoas que fizeram a mesma opção.
“Mudou a minha vida”, conta a advogada, que hoje usa a bike ao menos quatro vezes por semana, em um trajeto que dura 20 minutos. “Minha saúde melhorou bastante, eu tenho mais disposição. Eu sempre fiz esportes, mas hoje rodo 7 quilômetros de bike por dia.”
O engenheiro civil Luis Antonio Lindau, pós-doutor em Transportes pela University College London e diretor do instituto de pesquisas WRI Brasil, destaca que investimentos em faixas exclusivas para bicicletas são importantes nas grandes avenidas, por questão de segurança. Para ele, entretanto, a melhoria dos deslocamentos diários passa também por políticas para a melhoria das calçadas públicas e investimento na frota de ônibus.
A pé
As viagens a pé são o principal modo de viagem, segundo a OD, que considera como “viagem” todo o deslocamento superior a 500 metros – ou inferior a isso, se o motivo for trabalho ou estudo. Nesse quesito, o número de viagens a pé cresceu 12,4% em dez anos, de 25,1 milhões para 28,3 milhões por dia.
“O estímulo para o transporte a pé é a melhoria nas calçadas. E o passo seguinte é o investimento em ciclovias” afirma Lindau. Essas medidas também facilitam trazer mais pessoas para transporte público, ajudando a financiá-lo.