Baleado por um paciente dentro de seu consultório em São Paulo, o urologista Anuar Mitre recebeu alta do Hospital Sírio-Libanês no último sábado (18) e já deixou o local. Boletim médico divulgado pela unidade de saúde afirma que ele está “em franca recuperação e seguirá em acompanhamento ambulatorial”.
Mitre estava internado desde o dia 15 de setembro, quando foi atingido por três disparos efetuados pelo também médico Daniel Edmans Forti, que era paciente do urologista e se matou após atingi-lo.
O urologista ficou na UTI até o dia 10 de outubro, quando foi transferido para o quarto. A princípio, ele não ficou com nenhuma sequela, de acordo com o relato de amigos. Apesar de uma bala ter passado rente aos olhos, o médico não perdeu a visão.
Caso
No dia 15 de setembro, Daniel Edmans Forti invadiu o consultório do urologista Anuar Ibrahim Mitre, de 65 anos, na Bela Vista, com quem se tratava desde 2012. Ele carregava um revólver Rossi 38 na mão e uma pistola Ceska 6.35 numa sacola plástica. Deu quatro tiros à queima-roupa no médico com a primeira dessas armas. Acertou três.
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Uma das balas atingiu a cabeça da vítima, a outra o braço direito e a última se alojou nas costas. Enquanto a secretária de Mitre saía de lá em disparada em busca de ajuda, Forti usou o mesmo revólver para se suicidar com um tiro na boca. Mitre foi levado ao Hospital Sírio-Libanês, situado do outro lado da rua.
Forti, de 52 anos, era o filho mais novo de Eduardo Mansur Forti, já falecido, e Eliane Esther Simhon Forti. Ao lado do irmão, o engenheiro José Edmans, de 54 anos, cresceu em Higienópolis. Estudou no tradicional Colégio Rio Branco e se graduou em medicina.
Em 2012, Forti sofreu um acidente de moto no Rio de Janeiro e, em um dos procedimentos aos quais foi submetido, teve o canal da uretra rompido. Depois de uma cirurgia, passou a usar uma bolsa plástica que armazenava a urina. Ele procurou então o urologista Anuar Mitre, um dos maiores especialistas do país nessa área. Após a análise do caso pelo urologista, Forti foi submetido a uma nova operação.
De acordo com o irmão de Forti, ele deixou de usar a sonda, mas começou a sentir dores fortes, dificuldade para caminhar (passou a usar bengala) e ficou impotente. Sem conseguir trabalhar, cancelou seu registro no Conselho Regional de Medicina e passava os dias no apartamento da mãe, para onde se mudara ao voltar a São Paulo.
Após a cirurgia, o atirador ligou para o urologista por três meses insistentemente. Depois disso, sumiu, e reapareceu somente no dia do crime, com as duas armas de fogo, mais uma faca Tramontina modelo Amazonas.