O leiteiro judeu Tevye, interpretado por José Mayer no musical “Um Violinista no Telhado”, não tem lá a vida dos sonhos. Dá um duro tremendo para sustentar a casa e, no entanto, perdeu a esperança de ver algum dinheiro sobrar. Igualmente exausta, Golda (Soraya Ravenle), sua mulher, deixa a voz da autoridade falar mais alto também no trato com os cinco filhos. As esperanças estão depositadas no casamento das três filhas moças (Rachel Rennhack, Malu Rodrigues e Julia Fajardo). Na Rússia czarista do início do século passado, as mudanças sociais e políticas se anunciavam, mas para o patriarca nada é mais forte que a tradição. Pelo menos até as garotas se rebelarem contra os noivos impostos e tentarem convencê-lo da importância do amor.
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Lançada na Broadway em 1964, a peça de Joseph Stein, Sheldon Harnick e Jerry Bock tornou-se objeto de culto devido ao equilíbrio e à delicadeza com que são questionados temas em transformação na cultura judaica. Adaptada por Claudio Botelho e sob a direção cênica de Charles Möeller, a montagem conserva a identificação sem endereçá-la. Pelo contrário, valoriza a mensagem e a faz ecoar, privilegiando as abordagens familiares, a opressão financeira e a renovação das ideias. A dramaturgia chega a estar sobreposta às canções, pouco empolgantes por ser reflexivas e calcadas em divagações.
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À frente de 43 atores e dezessete músicos, José Mayer desponta como a surpresa. Ele interpreta, canta e dança, melancólico e irônico, brilhando ao lado de Soraya Ravenle. O carisma e a bela voz de Malu Rodrigues, que protagoniza a história mais dramática e ainda a cena de maior emoção ao lado de Mayer, chamam atenção. Ada Chaseliov, Nicola Lama e Sylvio Zilber são destaques do elenco e essa afinação faz com que a longa duração não pese.
AVALIAÇÃO ✪✪✪