A década de 80 produziu esquisitices de moda e beleza que tinham tudo para cair no esquecimento. Ombreiras, permanentes no cabelo, polainas, calças legging metalizadas e moletons esportivos são alguns exemplos.
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Nas últimas temporadas, no entanto, alguns desses itens que já foram considerados gravíssimos pecados fashion tiveram seus dias de redenção. O mais recente exemplo são as cores neon. Usava-se isso no passado para combinar com o clima festivo e descontraído da música new wave, que dominava as paradas com grupos como The Police, B-52s e Devo.
A onda caiu no esquecimento, para ressurgir em 2009, quando o amarelo, o verde-limão, o pink, o roxo e o laranja-cítrico apareceram com força em sapatos, bolsas e cintos. A ideia era acender (literalmente) o look. Em 2012, o estilo voltou também para as roupas, sobretudo as femininas, como mostram os últimos desfiles de nomes badalados como Alexandre Herchcovitch e Tufi Duek, além dos catálogos da Colcci e de outras marcas.
“Quando esse revival começou, aplicamos a tendência de maneira quase tímida, em detalhes como zíperes”, afirma Marcella Tranchesi, sócia da 284, uma das grifes que estão investindo na tendência. “Mas hoje a procura é até por calça jeans chamativa.”
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A coisa não se limita mais à moda, como demonstram vários objetos de decoração que surgiram seguindo essa mesma linha extravagante. As academias de ginástica representam um campo fértil para a sua proliferação.
Um dos artigos mais vendidos do momento pela marca esportiva Asics Brasil é o multicolorido tênis Noosa. Trata-se de um modelo unissex, feito para a prática do triatlo (399,90 reais). “Muitas pessoas que não treinam a modalidade estão comprando, pois acham o calçado bonito”, conta Andrea Longhi, gerente de marketing da Asics Brasil.
A mania faz sucesso sem esforço por aqui. “Em geral, a brasileira gosta de se mostrar e até mesmo quem é fã de um estilo mais sóbrio, como a consumidora paulistana, acaba escolhendo pelo menos um acessório de destaque”, diz a consultora de moda Chris Francini.
É assim que a empresária Renata Castro, que toca o bazar de moda Colheita Especial, tem aderido à novidade. “Gosto de salpicar uma produção neutra com scarpin ou bolsa colorida. É um jeito de ousar sem mudar minha personalidade.”
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As cores eletrizantes surgiram nos anos 60, com a criação dos tecidos feitos de fibras sintéticas, que permitem a produção de pigmentos luminosos. “Elas foram associadas de imediato a características como juventude e vibração”, lembra João Braga, professor de história da moda da Faap.
Na década de 80, o uso explodiu e seguiu firme até a de 90, com os clubbers. Depois de um período apagado, ressuscitou no cenário. “É um símbolo da sociedade contemporânea, marcada pelas múltiplas tarefas, o que exige vigor. Na psicologia das cores, são os tons neon que melhor representam isso”, completa Braga.