A Justiça de São Paulo concedeu habeas corpus a Talita Sayuri Tamashiro, de 28 anos, presa preventivamente sob a acusação de atropelar e matar três pessoas na Marginal Tietê no dia 30 de setembro. A decisão foi tomada em sessão realizada nesta terça-feira (24). Ela estava presa na Penitenciária Feminina de Tremembé, a cerca de 150 quilômetros da capital, desde início do mês.
Segundo o advogado Alexandre Bomfim que, junto ao advogado Eduardo Siano, entrou com o pedido de habeas corpus, Talita pode ser solta nos próximos dias. “Ela não é uma marginal contumaz, e é primária. A gente tem um entendimento de que a segregação cautelar dela era uma medida extrema e totalmente desproporcional ao caso”, disse Bomfim. “Eles entenderam como nós e concederam a ordem em processo em liberdade. A Talita vai responder ao processo, ele existe, é concreto, haverá alegações e acusações sérias e ela vai enfrentar isso pela frente, mas sob a condição de ré solta e não ré presa”. Hoje, no entanto, Bomfim e Siano não atuam mais no caso.
“É um absurdo, não tem outra palavra que possa expressar esse momento, já que ela matou três pessoas e a lei é muito falha”, criticou Luciano Nantes Antonio, irmão de Raul Fernando Nantes Antonio, 48, uma das vítimas. “Muita coisa precisa ser aprimorada na lei. Se isso começar a acontecer com filho de deputado, pessoas poderosas, talvez mude. Mas se não ocorrer, talvez a lei continue a mesma.”
O caso aconteceu no último dia 30, por volta das 5 horas da manhã, após Talita deixar a balada Villa Mix, na Vila Olímpia, em direção à sua casa, na Zona Norte. Na Marginal Tietê, próximo à Ponte dos Remédios, ela resolveu mexer no celular, preso no painel, para acessar o aplicativo Waze, que mapeia as melhores rotas no trânsito. O segundo de distração foi suficiente para que ela perdesse o controle de seu Honda Fit verde e colidisse com um BMW preto, estacionado no acostamento da via supostamente para a troca de um pneu.
No choque, Talita atropelou Raul, Vanessa Lopes Relva, 28, e Aline de Jesus Sousa, 28, que também voltavam de uma noitada na Vila Olímpia. O trio morreu na hora. Como se não bastasse a desatenção por causa do telefone, a vendedora estava com a carteira de motorista suspensa e um teste acusou a presença de 0,48 miligrama de álcool por litro de ar em seu sangue, o que equivale a três taças de vinho.