O último debate entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT), na TV Globo, nesta quinta-feira (30), mais uma vez abordou questões nacionais, com direito a temas que até então não haviam sido explorados, tais como salário mínimo e a atabalhoada operação do governo federal para envio de oxigênio para Manaus no auge da Covid-19. O ponto mais alto foi o tiroteio em Paraisópolis, e um dos mais cômicos sobre o tamanho da avenida Sapopemba.
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O tom do encontro, que teve quase duas horas e meia e foi dividido em quatro blocos, foi muito menos amistoso do que o de há quase um mês, na TV Bandeirantes. Assumindo uma postura mais belicosa, Haddad desde o primeiro bloco cutucou o rival, sobretudo em questões de caráter nacional, tentando colar a figura de Tarcísio em seu padrinho político, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
Tarcísio, por sua vez, adotou a tática de criticar pontos da gestão de Haddad à frente da Prefeitura de São Paulo. Em contraponto, Haddad lembrou em várias oportunidades o fato do seu adversário ser carioca e, segundo o petista, não conhecer o estado e nem a cidade de São Paulo. Nitidamente exaltado, Haddad perguntou a Tarcísio se ele conhecia a avenida Sapopemba e quantos quilômetros a via tinha. “Nunca deve ter passado por lá”, disse Haddad. Timidamente e sem responder, Tarcísio disse: “Você sabe?”, no que o petista respondeu “Quarenta quilômetros.”
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Apesar de ter sido mencionado já no primeiro bloco por Haddad, o tiroteio em Paraisópolis só foi melhor discutido no último bloco. Foi neste momento que Haddad questionou Tarcísio se ele achava correta a atitude de um integrante de sua equipe em pedir para que o cinegrafista apagasse as imagens. “Não se destrói provas. Não se destrói evidências. Se confia na autoridade policial. Se não se confia, estamos todos perdidos aqui”, afirmou Haddad.
Tarcísio disse já ter até gravado um vídeo para explicar o que ocorreu. “Sabe por quê? Preocupação com as pessoas, porque lá tinha equipe de produção, lá tinha equipe de comunicação. Nós fomos abordados por criminosos. Gravei um vídeo explicando exatamente o que aconteceu”, afirmou Tarcísio.
Confira abaixo mais detalhes de cada um do blocos.
Início
O debate teve início às 22h e é mediado pelo jornalista Cesar Tralli. O primeiro a chegar foi Haddad, às 21h07. “O maior problema dele [Tarcísio de Freitas] são as propostas, são propostas inadequadas para o estado de São Paulo”, afirmou o ex-prefeito.
Tarcísio chegou um pouco mais tarde, às 21h23. “Mais uma oportunidade de o eleitor estabelecer as diferenças dos projetos e estabelecer aqueles que mais se adequam a São Paulo”, disse o ex-ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro (PL).
Primeiro bloco
A forma como o governo federal prestou socorro à Manaus durante o ápice da pandemia de Covid-19 foi o ponto mais recorrente no primeiro bloco do debate.
Haddad começou o debate questionando sobre o que Tarcísio sobre questões tais como frequência escolar e vacinação. Tarcísio, por sua vez, preferiu começar a sua fala defendo o que ele diz terem sido fake news desferidas pelo petista. Foi aí que a questão do oxigênio para Manaus apareceu. Tarcísio explicou a participação do Ministério da Infraestrutura no auxílio para enviar oxigênio a Manaus. Ele defendeu que os únicos meios de fazer chegar o produto era por terra ou balsas, devido ao volume que precisava ser carregado. Haddad questionou dizendo ser possível ter feito o envio por aviões, o que não foi feito.
Outro ponto foi a respeito do salário mínimo. A questão veio à tona devido a um plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de deixar de reajustar o salário mínimo pela inflação, fala que depois foi corrigida. “As pessoas, Tarcísio, não estão conseguindo comprar alimento”, afirma Haddad sobre o salário mínimo. “Salário mínimo vai ter aumento real. Vai ter aumento acima da inflação”, rebateu Tarcísio.
Segundo bloco
O segundo bloco do debate teve início com o questionamento de Tarcísio a respeito das pessoas em situação de rua. Durante dez minutos, sendo cinco minutos para cada, eles debateram sobre o tema.
Entre outras coisas, Haddad defendeu que em casos mais graves médicos possam fornecer laudos para internação. Tarcísio, por sua vez, citou o nome de uma pessoa em situação de rua que morreu à época em que Haddad foi prefeito da capital.
Tarcísio também questionou as propostas de Haddad para a Habitação. “Se você não conseguiu resolver o problema da habitação quando foi prefeito, o que te leva a crer que você conseguirá agora”, disse Tarcísio. “Vocês acabaram com o Minha Casa, Minha Vida”, disse Haddad.
“Você não conhece São Paulo. Você não conhece nem São Paulo, nem o interior e nem a capital”, disse Haddad, sobre questionamento de Tarcísio sobre as propostas de habitação do petista. “Às vezes eu tenho a impressão que nem você, Haddad. Você promete, promete, promete e não entrega nada”, rebateu Tarcísio.
Haddad se exaltou um pouco mais e, enfaticamente, perguntou a Tarcísio: “Você conhece a avenida Sapopemba? Nunca deve ter passado por lá”, disse Haddad. Timidamente e sem responder, Tarcísio disse: “Você sabe?”. “São 40 quilômetros”, respondeu Haddad.
A pergunta seguinte foi a respeito da falta de remédios. Entre outras coisas, Haddad questionou a falta de reajuste da tabela SUS. Tarcísio, em seu momento de fala, disse que Haddad gostava demais de falar de governo federal e fez uma provocação.
“Você tem uma fixação de falar do presidente Bolsonaro que você deveria disputar de novo a Presidência da República”, afirmou Tarcísio a Haddad, após petista questionar valores de investimentos na capital.
Terceiro bloco
O terceiro bloco do debate foi novamente de temas livres entre os candidatos. Cada um teve 15 minutos para falar. A tônica adotada por Haddad, em vários momentos, foi a de explicitar que seu adversário não nasceu na cidade de São Paulo. “Você tem um apart-hotel alugado por seis meses. Ganhou fica, não ganhou, vai embora”, disse Haddad.
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Tarcísio começou o debate questionando Haddad sobre com quem ele ia governar. Haddad disse que, diferentemente do adversário, não nomearia secretários antes de terminar a eleição em respeito ao eleitor.
Outro ponto debatido por eles foi a questão da eventual privatização da Sabesp, criticada por Haddad. Tarcísio voltou a defender a proposta, desde que traga redução do valor da tarifa para o consumidor. O petista citou uma reportagem da “Folha de S.Paulo” mencionando que os serviços integrados de água são os mais reestatizados do mundo.
Os dois debateram a respeito do que cada um fará a respeito da mobilidade. Haddad afirmou que várias propostas defendidas por Tarcísio em debates não constas em seu programa de governo. “Como ele não conhece o nosso estado, ele vai se apropriando do que dá”, questionou Haddad a respeito de propostas mencionadas por Tarcísio que não constam em seu programa de governo. “Eu sei tirar projetos do papel. Tirei vários”, rebateu Tarcísio sobre projetos que disse já ter feito e pretende executar na área de transportes caso se eleja governador. Ele disse que está estudando vários projetos que “farão a diferença” para os paulistanos, e citou várias obras do Metrô, algumas já em andamento. Por sua vez, Haddad questionou as realizações do ex-ministro na pasta.
Ao mencionar o que o petista pretende fazer em relação a Cracolândia, Tarcísio disse que o ex-prefeito não conseguiu resolver o problema quando comandou a capital. Haddad lembrou do programa “Braços Abertos”, que, segundo estudos feitos à época, indicaram a queda do consumo de drogas entre dependentes químicos. “Aliás, se espalhou pelo Brasil inteiro, sem que o governo federal fizesse nada”, disse Haddad sobre a questão da Cracolândia.
O tema das obras voltou à tona, e, enquanto Tarcísio defendia o que listou como suas realizações, cutucou Haddad. “Vocês são bons de obras, mas não fizeram obras aqui. Fizeram obras para companheiros da Venezuela, Cuba”, afirmou Tarcísio. “Um pouco mais de respeito com a nossa terra. Você chegou agora”, afirmou Haddad a Tarcísio.
“Você tem um apart-hotel alugado por seis meses. Ganhou fica, não ganhou, vai embora”, disse Haddad.
Quarto bloco
O pedido de um integrante da equipe de Tarcísio para que imagens de um tiroteio em Paraisópolis fossem apagadas foi questionado por Haddad durante o quarto bloco do debate. “Não se destrói provas. Não se destrói evidências. Se confia na autoridade policial. Se não se confia, estamos todos perdidos aqui”, afirmou Haddad.
Tarcísio disse já ter até gravado um vídeo para explicar o que ocorreu. “Sabe por quê? Preocupação com as pessoas, porque lá tinha equipe de produção, lá tinha equipe de comunicação. Nós fomos abordados por criminosos. Gravei um vídeo explicando exatamente o que aconteceu”, afirmou Tarcísio.