Muitas trocas de olhares, dancinhas de rosto colado e sorrisos provocantes entre uma música e outra. A sintonia entre Miranda Kassin, de 30 anos, e André Frateschi, de 34, conquista a plateia do Studio SP. “Tudo acontece de modo muito natural, não tem nada de teatro”, afirma ele. “É nosso momento ‘Big Brother’, mostramos um pouquinho de como agimos em casa.” Há cinco anos, a dupla, ou melhor, o casal montou a Heroes, banda de nome inspirado na canção homônima de David Bowie, dedicada a fazer covers do cantor inglês.
Começaram a dar canja mensalmente e até hoje se revezam nos microfones do clube que começou na Vila Madalena e migrou para a Rua Augusta. Ele na pele do camaleão do rock, ela como uma backing vocal para lá de estrela. No cardápio musical, há 25 hits certeiros para levar o público a fazer coro, a exemplo de ‘Let’s Dance’ e ‘Under Pressure’. “Não existia nada do tipo por aqui, e eu sempre me encantei com o jeito transgressor do Bowie”, diz Frateschi.
Dois anos e meio depois, a bonitona Miranda resolveu trilhar ainda um caminho- solo. Paralelamente ao trabalho no grupo, montou a apresentação ‘I Love Amy’, que anima o Studio SP duas vezes por mês. O show extrapola o repertório dos dois álbuns da cantora inglesa Amy Winehouse e passeia por outros nomes da soul music, como Aretha Franklin e Gloria Jones.
De cabelão arrumado, maquiagem pesada e pernocas de fora, Miranda encarna a garota-problema e dá show com sua voz potente. “Sou menos doidona que a Amy, mas não entro em cena sem meu uísque”, conta. Em julho, o duo promete lançar o álbum ‘Hits do Underground’. Trata-se de releituras de nomes da cena alternativa recente, como as bandas Vanguart e Ludov e os músicos Curumim e Tatá Aeroplano. “Nossa ideia é realizar um trabalho de intérprete”, afirma Frateschi. “Não buscamos simplesmente mimetizar os artistas.”
André é filho dos atores Celso Frateschi e Denise Del Vecchio. Ao mesmo tempo em que enveredou pela música, seguiu a carreira dos pais. Atuou em duas novelas, quatro minisséries, três filmes e dez peças de teatro. Miranda também se dedicou à dramaturgia e passou pelo teatro e pela televisão. Os dois se conheceram em 2006, num show de Frateschi focado em funk e soul. “Cantei ‘Let’s Get It On’, do Marvin Gaye, olhando para ela”, lembra. “Foi aí que ele me ganhou”, derrete-se Miranda.
O fato de estarem casados atrapalha a carreira? “Quase brigamos para não misturar trabalho e vida afetiva, mas é ótimo podermos ouvir os discos e pesquisarmos sobre música juntos, em casa”, diz ela. “Somos cúmplices dentro e fora do palco.”