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Sabrina Sato – 300 000 reais por mês com ar de eterna bobinha

Ex-dançarina do Faustão e ex-BBB, ela tem coleções de jeans e calçados com seu nome. Neste Carnaval, é madrinha da bateria da Gaviões da Fiel

Por Alvaro Leme
Atualizado em 1 jun 2017, 18h46 - Publicado em 11 fev 2010, 18h47
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  • Uma adolescente descobre que está grávida e sofre horrores. Tem só 15 anos e seu pai está na prisão. Quando ele sai da cadeia, tropeça e cai sobre a filha, que perde o bebê. Contada por qualquer pessoa, a história acima terminaria em olhos marejados ou expressões consternadas. Mas o relato sai dos lábios de Sabrina Sato — que, sem conseguir lembrar-se do título, tenta descrever a trama do último filme que a fez chorar — e resulta numa inexplicável explosão de gargalhadas de quem a ouve. Com ela, tudo vira piada, ainda que nem sempre seja essa a intenção. Você já havia se imaginado rindo ao ver alguém comer minhoca? Graças à capacidade de tornar menos pesadas cenas bizarras como essa, uma das inúmeras que protagonizou no ‘Pânico na TV’, a moça realizou, aos 29 anos, seu maior sonho.

    “Sempre quis ser famosa”, diz a ex-participante do reality show ‘Big Brother Brasil’, que chega a este Carnaval com status de estrela. Recebeu dois títulos de “madrinha”: no elitizado baile da revista ‘Vogue’, no último dia 5, e na escola de samba Gaviões da Fiel, cujas cores defende pela sexta vez na madrugada deste domingo (14), no Anhembi. A primeira à frente dos ritmistas. No dia seguinte, no Rio de Janeiro, será musa do Salgueiro.

    DO BIG BROTHER AO BUNGEE JUMPING

    Foi em 2003, na terceira edição do ‘BBB’, que o Brasil descobriu essa paulista descendente de japoneses, libaneses e suíços. Sua experiência anterior na televisão havia sido como dançarina do ‘Domingão do Faustão’. “Minha formação de balé era mais contemporânea do que de jazz, por isso eu errava tudo”, lembra ela, que acabava escalada para segurar CDs de músicos convidados diante das câmeras. Durante os 67 dias que passou no confinamento — e em que conseguiu a proeza de quebrar dezoito microfones, um recorde do programa —, conquistou o público pela beleza e espontaneidade. Sobretudo ao engatar romance com o goiano Dhomini, que terminou vencedor do jogo. Foi eliminada somente quando outros participantes mandaram os pombinhos juntos para o paredão. Quando ela saiu, a popularidade em alta lhe rendeu um convite para um ensaio nua na PLAYBOY. Foi nessa época que a então aspirante à fama tomou suas duas decisões mais importantes: topar a proposta de integrar o elenco do ‘Pânico’, sucesso da rádio Jovem Pan que estava migrando para a televisão, e entregar a administração de sua carreira à irmã, a advogada Karina, dois anos mais velha.

    Atualmente com ibope em torno de 10,5 pontos, o programa chega a colocar a Rede TV! em primeiro lugar em alguns domingos. Sabrina tem seu quinhão de mérito nisso, reconhecem os próprios colegas de presepadas. Primeiro por encarnar, sem orgulho ferido, a figura da mulher-objeto, cuja inteligência parece inversamente proporcional à beleza — um dos colegas, Carioca, sempre a chama de jumento no ar. Segundo, por topar qualquer palhaçada, não importa quão estapafúrdia seja. Sempre, para júbilo da plateia masculina, com roupas micro. Exemplo: atravessou uma passarela entre dois balões, em pleno voo, apenas de lingerie. “Ela encara de político a salto de bungee jumping”, afirma Emílio Surita, líder e âncora do programa.

     

    Divulgação Rede TV!

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    Sabrina no Pânico na TV: desventuras em série

    O sucesso da trupe de humoristas, combinado ao pulso firme de Karina, deu início a uma multiplicação de lucros. Como de praxe no dito mundo das celebridades, a popularidade converteu-se em polpudos rendimentos. Entre salário e merchandising, embolsa por mês cerca de 200 000 reais — cinco vezes mais que no contrato anterior. Cobra até 40 000 reais de cachê para comparecer por uma hora a eventos. Em sociedade com os dois irmãos, Karina e Karin, tem uma empresa de agenciamento artístico e um salão de beleza. Sua participação nesses negócios, além de em campanhas publicitárias, eleva os ganhos para 300 000 reais mensais. Vem mais por aí: a apresentadora estreou recentemente no maravilhoso universo dos licenciamentos. Hoje existem coleções de jeans e calçados com seu nome, mas uma enxurrada de produtos está prevista para os próximos dois anos. “A linha de produtos de ginástica tem de tapetinho para malhar a halteres”, afirma Karina. Os três moram num descolado tríplex nas Perdizes. Recebem os visitantes com cafezinho e bolo como se ainda estivessem em Penápolis, município de 60 000 habitantes onde nasceram e cresceram, no noroeste paulista. A vida na cidade, sobretudo para os Sato, mudou radicalmente quando uma de suas filhas apareceu no reality show. “Meu marido emagreceu de tristeza”, conta a mãe, a psicóloga Aparecida (mais conhecida como Kika). Quando a edição de PLAYBOY chegou às bancas, o caçula, Karin, trancou a faculdade para fugir das provocações dos colegas.

    DE BOBA, ELA NÃO TEM NADA 

    Segundo quem convive com ela, não é apegada a dinheiro, mas sim às coisas que pode comprar com ele. Pelas suas contas, tem 100 pares de sapatos. Quando a porta do seu closet se abre, porém, surge a impressão de haver ali pelo menos o dobro disso. Voltou dos Estados Unidos recentemente com três bolsas Chanel do mesmo modelo, em cores diferentes. Mas, ao presentear alguém de que goste muito, não poupa. “Ela já me deu uma passagem para Nova York”, conta Yan Acioli, seu personal stylist há cinco anos. Além da estabilidade financeira, a ascensão de Sabrina teve impacto em sua atuação no Pânico. Hoje, raramente precisa encarar tarefas humilhantes como as do início. Pelo contrário, foi destacada para perseguir políticos em Brasília, uma missão que, à primeira vista, parecia impossível para a moça considerada a burralda da turma. Convém alertar, caso ainda haja quem não tenha reparado: de boba, ela não tem nada. Aquela tontinha que aparece nas reportagens não passa de uma versão exagerada da pessoa que Sabrina é longe das câmeras. Sim, ela confunde algumas palavras e tem mesmo o “r” exagerado É desatenta a ponto de ter perdido a carteira de habilitação por excesso de multas de rodízio e celular — vai a todo canto com motorista. Concluiu por si própria, após ler um livro de autoajuda, que sofre de distúrbio de déficit de atenção. “Todos os sintomas batiam”, diz.

    Essa imagem ingênua, aliada ao corpão sempre envolto em roupas micro, serve para desarmar as pessoas que ela aborda. Numa dessas, depois de dizer que o senador Eduardo Suplicy era o Super-Homem de Brasília, conseguiu convencê-lo a circular pelos corredores do Congresso com uma sunga vermelha por cima da roupa. A cena, a pedido de Suplicy, não foi ao ar, decisão que provocou críticas: se o programa não poupa artistas, por que pegar leve com um político? “Se um famoso nos procura dizendo que pode ser prejudicado por uma matéria, a gente não leva ao ar”, defende.

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    Um desdobramento inesperado das temporadas prolongadas na capital federal foi a aproximação com o deputado federal Fábio Faria (PMN-RN), seu namorado há oito meses. “Sabrina é muito família, como eu. É o que mais admiro nela”, jura ele. Apaixonada, a moça escreve cartinhas de amor com poemas de Vinicius de Moraes e Fernando Pessoa para diminuir a saudade — Faria se divide entre Natal e Brasília, e os dois se encontram, em média, a cada dez dias. “Nunca pensei em me casar, mas quero ter uns quatro filhos”, afirma Sabrina, que pretende começar a, por assim dizer, produção daqui a dois anos. Isso só será possível com uma baita redução no ritmo de vida que leva hoje: ela diz que dorme apenas três horas por noite para dar conta de todos os compromissos. No início de janeiro, ao chegar de Miami, após passar as férias de fim de ano, seguiu do avião para uma sessão de fotos publicitárias. Neste Carnaval, após desfilar para a Gaviões, terá a missão de entrevistar o presidente Lula e o jogador Ronaldo, se eles confirmarem presença nos camarotes do Anhembi. De lá, pausa para tomar café da manhã em casa e rumar para o Rio de Janeiro, onde será musa do Salgueiro horas mais tarde. Em meio à correria, seu esforço número 1 é para não deixar que as atividades paralelas atrapalhem as gravações do Pânico. Tudo para não se complicar com o chefe, Emílio Surita. “A Sabrina às vezes dá uns perdidos, mas sei que é nossa maior relações públicas”, afirma, coberto de razão. Aonde ela vai, seja o Aeroporto de Congonhas, seja o Carnaval fora de época de Natal, pipoca gente querendo foto ou autógrafo. Ela atende a todos, felizona. Apenas duas coisas são capazes de afetar seu aparentemente infinito bom humor: fome e sono.

    INSEGURANÇA COM A APARÊNCIA

    Uma das maiores peculiaridades sobre Sabrina Sato diz respeito ao seu visual. Como demorou a se desenvolver — até os 15 anos, tinha pernas fininhas e nem sinal do atual bumbum de 98 centímetros —, vira e mexe surge uma absolutamente injustificada insegurança com a aparência. Tem 59 quilos muito bem distribuídos em 1,69 metro de altura. Para inveja de muitas mulheres, não tem uma estria ou celulite sequer. A única intervenção cirúrgica, jura ela, foi implantar 175 mililitros de silicone nos seios. Apesar disso, não gosta de seu nariz (ao qual se refere como “caju”) e odeia ter coxas grossas. Malha quanto pode para deixá-las mais delgadas. A pinta na testa, que tem desde os 4 anos de idade, ela desistiu de remover. “A Sá não dá a menor bola se a chamarem de burra. Mas, se disserem que ela está feia, a coisa muda”, entrega sua mãe. Como é boa de garfo, às vezes sobe ou desce a pé os dezesseis andares do prédio onde mora. Em tempos de Carnaval, não consegue ir à academia mais que uma vez por semana. No resto do ano, mantém a forma com aulas de boxe e muay thai.

    Apesar da aparência de furacão sexual, realçada pelos figurinos exíguos com que aparece no vídeo, mostra-se uma legítima moça do interior quando o assunto surge. Jura que, em tempos de solteirice, não beijava pretendentes em baladas e muito menos tinha intimidades no primeiro encontro. “Perdi a virgindade com 20 anos”, diz. Segundo ela, o desinteresse devia-se à meta principal: estabelecer-se profissionalmente. “Enquanto eu fazia milhões de cursos, minha irmã e minhas amigas perdiam a tarde inteira com os meninos.” Esse é outro dado curioso sobre ela: completamente impossível na escola, fazia de tudo para irritar os professores. Certa vez, de tanto ser expulsa das aulas, colou as mãos numa das mesas com Superbonder para não ser retirada da classe. Por outro lado, em qualquer coisa relacionada à vida artística, virava um cordeirinho. “Nas lições de balé, era uma das pessoas mais focadas que conheci”, conta Yvonne Penteado, dona da primeira academia de dança em que Sabrina estudou. “Se a Sabrina não tivesse ido para o BBB, não faria a menor diferença”, afirma José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boninho, diretor do programa. “Ela se daria bem de qualquer jeito por ser engraçada e espontânea. 

    O FIGURINISTA TEVE DE SUAR
    Em sete anos, o guarda-roupa da apresentadora mudou radicalmente

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    Rogerio Pallatta/Edu Lopes

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    Repaginação completa no visual: só não mexeram na pinta da testa

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     Se o closet de Sabrina Sato falasse, agradeceria à dona o tratamento especial que vem recebendo. Quando despontou para os holofotes, em 2003, ela misturava questionáveis brincos de pena comprados em camelô com estampas de gosto idem. Hoje, as mais de dez portas espelhadas de armários são um celeiro de grifes como Gucci, Christian Louboutin, Chanel… Basta ver as fotos acima (de 2003, ao ingressar no Pânico, e em 2009, na inauguração de uma casa noturna AAA) para notar a mudança. “Antes, algumas marcas se recusavam a emprestar roupas pra ela”, conta o figurinista Acioli — é comum famosas usarem modelitos emprestados, sobretudo em eventos. “Diziam que ela não tinha o perfil de cliente deles.” Quando isso acontecia, Sabrina comprava a peça em questão. Valeu a pena: “Hoje tem fila de interessados em vesti-la”.

     

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