Celso Russomanno, candidato à prefeitura de São Paulo pelo Republicanos, disse que a vacina contra a Covid-19 deveria ser testada em quem já está está doente, além de crianças e idosos. A declaração foi feita em evento na Associação Paulista de Imprensa.
O candidato se mostrou contrário aos testes somente em adultos saudáveis. “A vacina está sendo testada em adultos sãos, nenhum com Covid. Não está sendo testada em crianças, não está sendo testada nos idosos e não está sendo testada nos doentes. São as etapas por onde uma vacina deve passar. Isso não está acontecendo”.
“Os efeitos colaterais imediatos a gente pode prever, mas os a longo prazo, não. Toda vacina tem que passar por esse processo. Eu quero muito, todos aqui querem uma vacina. Mas se ela é tão boa assim, mas se essa vacina é tão boa assim, vai lá, começa na China, aplicando nas pessoas”, concluiu o candidato.
Desconhecimento, afirma médico
De acordo com especialistas, a vacina tem como intuito prevenir que as pessoas contraiam a doença. Em entrevista ao Estadão, o médico infectologista Jamal Suleiman, do Hospital Emílio Ribas, comentou a fala do político. “Isso mostra o absoluto desconhecimento de como funciona um ensaio clínico”, disse em relação ao pedido de testagem em pessoas já doentes.
O especialista explicou também o motivo dos testes começarem primeiro com os adultos não idosos. “Idosos vão perdendo a sua capacidade de resposta imunológica, um fenômeno conhecido há pelo menos um século”. As pessoas mais velhas são testadas em um segundo momento no processo da criação da vacina.
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Polêmica com moradores de rua
No último mês, durante um encontro na Associação Comercial de São Paulo, Russomanno falou que moradores de rua e usuários de droga da Cracolândia podem ser “mais resistentes do que a gente” à Covid-19, “porque convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho”.
O candidato estava na reunião para ouvir demandas dos empresários. Ele criticou a maneira como o governo de São Paulo e a Prefeitura conduziram a pandemia e ainda afirmou que “tem que se aprender muito sobre [a doença]”. Na sua visão, o contágio nas periferias, na Cracolândia e entre os moradores de rua foi atípico.
“Todo mundo esperava que a Covid tomasse conta de todo mundo, até porque, eles não têm o afastamento que foi pré-estabelecido pela OMS…e, eles estão aí, nós temos casos pontuais, e não temos uma quantidade imensa de moradores de rua com problema de Covid. Talvez eles sejam mais resistentes do que a gente, porque eles convivem o tempo todo nas ruas, não têm como tomar banho todos os dias, etc e tal”, disse na reunião.
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