Construído em estilo art nouveau a partir de 1910 e entregue à população três anos depois, o Viaduto Santa Ifigênia, no Centro, é um dos principais cartões-postais da metrópole. Nos últimos anos, o espaço, que possui 225 metros de extensão e liga o Largo de São Bento à Avenida Cásper Líbero (e à Igreja de Santa Ifigênia), sofreu com a deterioração de suas estruturas metálicas, que apresentam fissuras, corrosões e infiltrações. Na última semana, ao empenhar 6,5 milhões de reais para a reforma, a prefeitura firmou a promessa de entregá-lo novo em folha em agosto deste ano.
A reforma do Santa Ifigênia vai abranger, entre outros serviços, a impermeabilização da laje, a regularização da base e a recuperação de elementos arquitetônicos descaracterizados, como guarda-corpos. Para o pedestre que atravessa o viaduto, uma das partes mais visíveis da obra será a troca das tradicionais pastilhas por modelos idênticos.
“Hoje, elas estão degradadas, com fissuras visíveis e uma quantidade significativa de unidades em falta, comprometendo não apenas a estética, mas também a integridade do viaduto. Para preservar as características originais do viaduto, as pastilhas serão substituídas por outras idênticas às atuais”, afirma a gestão municipal, em nota.
A constatação do atual estado do Viaduto Santa Ifigênia foi feita pela própria prefeitura, que encomendou uma série de inspeções não só para o espaço, como para dezenas de outras estruturas.
Em 2023, foram reformados 29 pontes e viadutos e no momento outras 47 obras estão em execução. Alguns desses pontos são locais de grande movimentação de carros, como a Ponte das Bandeiras, na Zona Norte, e o Viaduto Antônio Nakashima, no Centro. No total, a prefeitura destinou 1,6 bilhão de reais para o programa de recuperação das estruturas.
Essa não é a primeira vez que o centenário Santa Ifigênia passa por reformas. Em 1978, o viaduto foi recuperado com peças da mesma empresa belga que forneceu as estruturas originais. Cinco anos depois, foi pintado com as cores do arco-íris. Na década seguinte, a passagem começou a abrigar barracas de vendedores ambulantes, inicialmente regularizados, mas com o passar do tempo o espaço foi tomado por camelôs ilegais, o que levou a uma grande degradação da travessia. Na época, itens de vestuários, como calças jeans e moletons, assim como tênis (quase tudo era falsificado), dominavam os negócios. Atualmente, não há nenhum tipo de comércio permitido ao longo de sua extensão.
Outra curiosidade envolvendo o Viaduto Santa Ifigênia é que ele foi concebido para melhorar a fluidez do tráfego de carruagens, bondes e também de carros. Desde 1970, apenas pedestres são autorizados a passar por lá.
Publicado em VEJA São Paulo de 16 de fevereiro de 2024, edição nº 2880.