Pouco conhecido até poucos meses atrás, o empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamento Havan, tornou-se alvo de uma polêmica envolvendo seus funcionários. O catarinense de 55 anos virou assunto nas redes sociais após gravar, em tom alarmista, um vídeo de apoio ao candidato Jair Bolsonaro (PSL).
Além disso, ele também agendou um tipo de manifestação coletiva pró-Bolsonaro no qual seus colaboradores apareceram vestindo camisetas com a cor da bandeira do Brasil, na última segunda (1).
Toda essa movimentação levou Hang a enfrentar problemas na Justiça. Na quarta (4), após denúncia do Ministério Publico do Trabalho de Santa Catarina, a Justiça catarinense o proibiu de gravar outros registros do tipo com a alegação de que estaria influenciando o voto de seus 15 000 funcionários. Caso desobedeça a decisão, terá de pagar uma multa de 500 000 reais. No vídeo, o empresário chega a dizer que, caso algum governo de esquerda assuma, a sua loja poderia fechar. O caso também rendeu problemas com o Tribunal Superior Eleitoral.
Essa, inclusive, não é a unica polêmica na qual o empresário se viu envolvido. De acordo com o jornal Diário Catarinense, em 2003 ele foi condenado pela Justiça Federal a treze anos de prisão por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Ele não cumpriu pena e o crime já prescreveu.
De origem humilde, filhos de pais operários, Hang chegou a seguir o oficio da família durante sete anos. Montou a primeira loja da Havan em sua cidade natal, Brusque (SC), na década de 80. À época, a grife era dedicada apenas ao ramo têxtil. Aos poucos, foi incluindo mais produtos ao portfólio. Atualmente, oferece toda sorte de artigos, como eletrônicos e utensílios domésticos.
Normalmente, as lojas (são cerca de 100 espalhadas por todo país, 21 delas no Estado de São Paulo) contam com fachadas inspiradas na Casa Branca – lar do presidente dos Estados Unidos.
A decoração inusitada inclui ainda uma curiosa réplica da Estátua da Liberdade. A maior delas fica em Barra Velha, Santa Catarina, com quase 60 metros de altura. Em Bauru, interior paulista, moradores chegaram a protestar contra uma instalação do tipo, em 2013. Segundo Hang, a ideia de usar o monumento partiu de uma criança de 7 anos, que o empresário teria conhecido certa vez.
De acordo com a revista EXAME, o faturamento anual da marca gira em torno dos 4 bilhões de reais.
Luciano Hang debutou nas redes sociais há pouco tempo. Seu Instagram é de fevereiro deste ano, e o Facebook (onde reúne 1,7 milhão de curtidas), de novembro do ano passado. A alegação para o aparecimento é afastar de vez os boatos de que a rede Havan seria, na verdade, de filhos do ex-presidente Lula, chineses ou americanos.
No mundo on-line, ele gosta de deixar frases motivacionais e detalhes de sua trajetória de sucesso. Também aparecem inspirações de cunho bíblico, caso de “quem planta vento colhe tempestade”. A rede também divide espaço com seus posicionamentos políticos. Há quatro meses, por exemplo, postou um vídeo no qual um assaltante é morto quando tenta abordar um carro. Na legenda, ele garante ser contra o estatuto do desarmamento. “Foi mais um dos grandes erros cometidos pelo governo do PT. Ele deu para a bandidagem a certeza de que podem roubar, assaltar, sequestrar ou invadir o que querem, que ninguém os impeça”, escreveu.
Ele, aliás, deixa claro sua postura contra o governo do petista. Quando o ex-presidente Lula foi preso, Hang organizou uma queima de fogos, ao som do Hino Nacional, que durou treze minutos, em alusão à legenda do partido.
Hang é pai de três jovens, um deles sofre de dislexia. Recentemente, dois dos três rapazes foram clicados ao lado do empresário em uma visita a Jair Bolsonaro, na época internado após levar uma facada durante um comício na cidade mineira de Juiz de Fora.
Procurado pela reportagem, Luciano Hang não atendeu aos pedidos de entrevista.