Pressionado por membros da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo e por funcionários do complexo hospitalar, o advogado Kalil Rocha Abdalla, de 73 anos, anunciou neste domingo (21) que vai se licenciar por pelo menos 90 dias do cargo de provedor da instituição. Não satisfeitos apenas com a licença, cerca de 100 funcionários fizeram um protesto na manhã desta segunda (22) pedindo a renúncia de Abdalla.
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A entidade filantrópica vive crise financeira, agravada durante a gestão do advogado, quando o déficit passou de 80 milhões de reais para mais de 400 milhões. Ele está à frente da Santa Casa desde 2008 e cumpre seu terceiro mandato como provedor. Auditorias encomendadas pelo governo do Estado apontaram indícios de má gestão, até mesmo sobrepreços em contratos firmados pela Santa Casa.
Em nota divulgada na noite de ontem, a instituição informou que Abdalla decidiu se licenciar do cargo “no melhor interesse da instituição e de forma a garantir ainda mais transparência e lisura da sindicância instaurada a seu pedido”.
A apuração interna foi determinada pelo provedor há cerca de dez dias, após a divulgação dos resultados de auditoria externa feita pela empresa BDO, contratada pela Secretaria Estadual da Saúde.
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O provedor passou a sofrer uma série de pressões internas depois que os resultados da auditoria foram apresentados. Na quarta-feira (17) durante reunião com 32 membros da Mesa Administrativa da instituição, recebeu moção de dez dos integrantes pedindo a sua saída. Na sexta-feira (19), um manifesto assinado por mais de 1 300 funcionários do complexo hospitalar solicitou a sua renúncia.
O atual provedor também vinha sendo pressionado pelo Ministério Público Estadual (MPE) a se distanciar da gestão da Santa Casa.
Trâmites
A previsão era de que os membros da irmandade e os funcionários da Santa Casa recebessem, na noite de ontem, a carta do provedor anunciando a licença. No período de afastamento de Abdalla, deverá assumir o cargo o vice-provedor, Ruy Altenfelder.
Médicos e membros da irmandade ouvidos ontem pela reportagem afirmaram que a licença não é suficiente. Para eles, a renúncia do provedor seria mais oportuna.
Caso Abdalla anuncie a renúncia definitiva ao final da licença, deverão ser convocadas novas eleições para a provedoria, na qual os 500 membros da irmandade elegem o novo líder da maior instituição filantrópica da América Latina. A medida ocorre quando o provedor ainda não chegou à metade da gestão. O terceiro mandato de Abdalla começou em abril deste ano e vai até o mesmo mês de 2017.
Com informações de O Estado de S. Paulo