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As propostas dos candidatos à prefeitura para o meio ambiente

Segundo os especialistas ouvidos pela reportagem, questões fundamentais, como saneamento básico e poluição atmosférica, estão sendo deixadas de lado

Por Adriana Farias
Atualizado em 27 dez 2016, 15h27 - Publicado em 19 set 2016, 12h44
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  • Apesar de historicamente ser colocada em segundo plano nas campanhas eleitorais, a questão do meio ambiente tem ganhado cada vez mais a atenção da população. A pedido de VEJA SÃO PAULO, um time de renomados profissionais dessa área avaliou as principais propostas dos cinco candidatos mais bem colocados nas pesquisas – Celso Russomanno, do PRB; Marta Suplicy, do PMDB; João Doria, do PSDB; Fernando Haddad, do PT; e Luiza Erundina, do PSOL.

    + O festival de propostas genéricas dos candidatos à prefeitura

    Participaram da reportagem: Carlos Bocuhy, presidente do Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental; Myrt Cruz, especialista em gestão ambiental da PUC-SP; e Malu Ribeiro, coordenadora da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica.

    Os especialistas lamentaram que os candidatos tenham deixado de lado questões fundamentais, como o problema das enchentes e da poluição atmosférica. “O desequilíbrio ambiental que mais mata em São Paulo é a poluição. São 7 000 habitantes por ano, além de malefícios não contabilizados quando não há óbitos computados”, diz Carlos Bocuhy. “Propor uma inspeção veicular opcional, por exemplo, invalida uma operação que poderia ser útil para reduzir esses danos”, completa. “Muitos apresentam propostas setorialistas, como se a área verde tivesse de ficar em um quadrilátero delimitado, sem integração com os setores urbanos da cidade”, aponta Myrt Cruz.

    Outra questão também criticada pelos especialistas é o fato de o saneamento básico não estar entre as prioridades. “Ao menos 70% das doenças que levam a internações e óbitos nos hospitais estão relacionadas com a água poluída, e temos 2 milhões de pessoas na cidade morando em áreas irregulares”, afirma Malu Ribeiro.

    Abaixo, as principais propostas de cada candidato, e a análise dos experts:

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    Celso Russomano (PRB)

    Entre suas ideias cruciais está a de priorizar a logística reversa (retorno de garrafas pet e coleta de lixo reciclável) e fortalecer a cadeia de reciclagem; aplicar a educação ambiental no currículo do ensino fundamental; e estimular iniciativas sustentáveis, como os jardins verticais, por meio de incentivos e descontos fiscais no IPTU.

    Opinião dos especialistas: as medidas são pertinentes e criativas para incentivar a população a se envolver mais com as questões do meio ambiente. É fundamental implantar o tema nas escolas para despertar a consciência ambiental desde cedo. Mas são ideias genéricas, sem detalhes concretos de como poderiam ser colocadas em prática.

    Fernando Haddad (PT)

    Quer aumentar as áreas verdes; dar continuidade ao seu Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, que prevê ampliação da coleta seletiva e a reciclagem dos resíduos sólidos; substituir a iluminação pública na cidade por LED; e instalar painéis solares em edifícios públicos.

    Opinião dos especialistas: ter um plano para resíduos sólidos é crucial em São Paulo, cidade que mais produz resíduos no país. Instalar painéis solares em instituições municipais também é positivo, porque incentiva as empresas a seguir o modelo. Dizer que se vai aumentar as áreas verdes, no entanto, é vago demais. Trocar a iluminação pública por LED é válido, mas tem baixo impacto numa metrópole como a capital paulista.

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    João Doria (PSDB)

    Entre as principais propostas está a implantação de novos parques no centro e Zona Leste, regiões menos arborizadas e sujeitas ao fenômeno das “ilhas de calor”; ampliar o sistema de coleta seletiva e processamento de resíduos sólidos; e fazer parcerias com municípios vizinhos para resolver problemas como saneamento básico.

    Opinião dos especialistas: propõe corretamente o combate às ilhas de calor, mas a colocação é superficial; não explica como isso poderá ser feito. A ideia de fazer parcerias é válida para promover um desenvolvimento urbano e sustentável de maneira eficiente.

    Luiza Erundina (PSOL)

    Tem a intenção de ampliar os parques municipais para criar corredores ecológicos e, assim, interligar os resquícios de áreas verdes da cidade; transformar as APPs, áreas de preservação permanentes, em parques; e implantar programas para captação, tratamento e utilização água das chuvas.

    Opinião dos especialistas: a ideia de fazer com que as APPs virem parques é boa. Implantar programas para utilização da água das chuvas também é positivo. Criar corredores ecológicos, por sua vez, é inviável; essas áreas verdes hoje são isoladas, separadas por muitos espaços de concreto.

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    Marta Suplicy (PMDB)

    Propõe a volta da inspeção veicular, mas de uma forma opcional e gratuita, com desconto no IPTU para estimular a conscientização ambiental; cadastrar todas as árvores em áreas públicas; e aprimorar a zeladoria de praças e jardins em parceria com associações de bairro.

    Opinião dos especialistas: há ideias boas, mas limitadas. A zeladoria de praças preserva os lugares, mas não aumenta a vegetação na área urbana. Implantar a inspeção veicular como opcional a torna absolutamente inócua como ferramenta de controle de poluição.

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