Para tentar escoar vias alagadas em Arthur Alvim, na zona leste da cidade de São Paulo, a Prefeitura de São Paulo está usando 11 bombas, algumas delas emprestadas da Sabesp. O local costuma registrar acúmulo de água sempre que chove, entretanto, o volume registrado nos últimos dias deixou veículos, casas e pontos comerciais inteiros submersos, cenas que não fazem parte desse cotidiano caótico no verão.
+Chuva de problemas: início de ano mais chuvoso que a média deixa estragos
O motivo é que além das fortes chuvas que atingem várias partes da capital neste março chuvoso, sobretudo a zona leste, a situação foi agravada por uma obra realizada pela prefeitura para tentar recuperar uma galeria pluvial que cedeu na semana passada sob os trilhos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).
A cratera foi aberta no dia 8 deste mês, após a terra onde passam os trilhos da linha 11-Coral ceder. Com isso, a circulação de trens entre as estações Tatuapé e Corinthians-Itaquera foi afetada e só foi normalizada dois dias depois.
Em entrevista à TV Globo nesta terça-feira, o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras, Marcos Monteiro, confirmou que para tentar evitar a erosão e acelerar a recuperação do pavimento para que os trens pudessem passar, foi usada argamassa. Na prática, a tubulação ficou “entupida” de concreto, impedindo que a água acumulada em vias do bairro fosse drenada.
“Por isso essa decisão radical, uma decisão difícil de ser tomada, mas a gente teve que tomar essa decisão pra preservar a segurança das linhas”, disse, em entrevista ao “Bom Dia São Paulo”.
+Alta de 6,5% na corrida da Uber gera críticas de passageiros e motoristas
Ao comentar o assunto nesta terça-feira, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) lembrou que a região sempre apresentou problemas, já que era uma área onde passava um córrego. Apesar disso, ele classificou a situação como “muito preocupante” e que a prefeitura está prestando atendimento aos moradores e comerciantes.
“Vamos ter um período ruim em março”, afirmou.
Entretanto, disse que uma solução definitiva para a região só deve ficar pronta em 45 dias. Esse é o prazo de construção de um novo sistema de drenagem.
Memória
Reportagem publicada em fevereiro deste ano pela VEJA São Paulo mostrou que a gestão Nunes não gastou todo o dinheiro reservado ao combate de enchentes e à prevenção de alagamentos em 2021, segundo levantamento da Rede Nossa São Paulo feito a pedido da Vejinha.
Entre outras coisas, a reportagem mostrou que vários especialistas já alertavam que as chuvas seriam acima da média na cidade.
Nesta terça-feira a cidade de São Paulo voltou a ser castigada por fortes chuvas. Foram registrados um total de 25 pontos de alagamento. Desta vez a região mais atingida foi a zona norte, segundo os dados do CGE-SP (Centro de Gerenciamento de Emergências da Prefeitura de São Paulo). Foram anotados 71,8 mm de chuva na Vila Maria e Vila Guilherme; e 49,2 mm em Santana/Tucuruvi. Outra região bastante afetada foi a zona oeste, onde foram anotados 43,8 mm de chuva em Pinheiros.
Até as 16h, o Corpo de Bombeiros tinha atendido a 12 chamados de enchentes, 9 pedidos de atendimentos por queda de árvores e dois desabamentos. Um desses desabamentos foi parte do muro do cemitério do Araçá, no Pacaembu, na zona oeste.
Imagens divulgadas pela TV Globo mostraram um canteiro de obras da linha 6-laranja do Metrô totalmente alagado.