A Prefeitura de São Paulo analisa o atual fluxo de dependentes químicos e traficantes de drogas na praça Princesa Isabel, no centro, para saber qual é o melhor momento para executar uma operação de desmontagem das barracas da chamada nova Cracolândia.
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O receio da administração municipal é o de que haja resistência por parte de alguns, o que pode gerar tumulto e colocar em risco não só quem executará a operação, mas também os próprios usuários de drogas, comerciantes, moradores e quem trabalha no entorno da praça.
Conflitos entre os usuários de drogas e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) eram comuns na antiga Cracolândia quando a prefeitura fazia a limpeza das ruas e, em seguida, ações para desmontar as barracas. A data e o horário em que a ação ocorrerá são mantidos em sigilo.
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A confirmação pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) ocorreu na noite desta terça-feira (29), mesmo dia em que o governador João Doria (PSDB) afirmou ter orientado os chefes das polícias Civil, Militar e Secretaria de Segurança Pública a articular a retirada das estruturas com os guardas municipais.
“Eu fui prefeito, eu vivi essa experiência. Onde tem barraca você tem ali os traficantes”, disse Doria nesta terça-feira.
A afirmação foi dada durante a entrevista coletiva para apresentar uma nova passagem para pedestres entre a estação Luz da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e a Sala São Paulo.
Assim que o fluxo mudou de lugar, policiais afirmaram que fazer investigações e eventuais dispersões seria mais difícil na praça do que nas ruas da antiga Cracolândia. Além de barreiras naturais –as copas das árvores impedem que sejam registradas imagens claras do que está acontecendo no local–, existem várias rotas de fuga caso ocorra alguma abordagem na Princesa Isabel.
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A montagem de barracas pelo chamado fluxo já era proibida e foi intensificada pela administração municipal desde o dia 19 de julho do ano passado, quando houve confirmação, pela polícia, de que as tendas eram usadas por criminosos para o comércio ilegal de drogas.
Desde o dia 18 de março, uma sexta-feira que antecedeu a debandada geral da antiga Cracolândia, foram realizadas 4.724 abordagens pelos serviços de assistência social. Apenas 20 pessoas foram para abrigos.
Histórico
O histórico fluxo de usuários de drogas que perambulavam atrás de traficantes para obterem crack era geralmente visto nas ruas Helvétia, Dino Bueno, Alameda Cleveland e praça Julio Prestes, o que simplesmente desapareceu entre a noite do dia 18 (uma sexta-feira) e o dia 19 (sábado) deste mês.
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Cerca de 200 dependentes químicos –de um total de 600 que frequentavam a antiga Cracolândia– se mudaram para a praça Princesa Isabel, já ocupada por pessoas em situação de rua e também algumas que ficaram sem ter como pagar o aluguel devido a pandemia de Covid-19.
Muitos moradores, comerciantes, dependentes químicos e até alguns policiais disseram se tratar de ordem do tráfico de drogas, o que foi rechaçado por Doria e seu staff.