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Praça Roosevelt: cult e agitada

Peças transformam o local em ponto de encontro alternativo

Por Mônica Santos
Atualizado em 5 dez 2016, 19h23 - Publicado em 18 set 2009, 20h34
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  • Cadê os dourados, as cadeiras vermelhas, as cortinas de veludo? Ditas com ar incrédulo pela manicure Sueli, essas palavras fazem a platéia cair na gargalhada logo nas primeiras cenas da comédia Segunda-Feira: o Amor do Sim, em cartaz no Espaço dos Satyros Um. Explica-se: a reação da personagem é idêntica à de muitos espectadores que pisam pela primeira vez no mais concorrido teatro da Praça Roosevelt, no centro. O ar-condicionado comprado três meses atrás é um dos poucos confortos. Aberto em 2000, o espaço de 86 metros quadrados acomoda até oitenta espectadores, um coladinho ao outro, todos sentados em bancos estofados ou cadeiras de plástico, praticamente cara a cara com os atores. O esquema se repete na sala Dois. Ainda assim, os vinte (isso mesmo, vinte!) espetáculos em cartaz atraem 1 500 pessoas por semana. Outras tantas ficam no bar e nas mesinhas que se esparramam pela calçada. Quase ao lado está o Espaço Parlapatões. Com boa infra-estrutura – palco italiano, platéia com 98 poltronas novas, ar-condicionado, acesso para deficientes e um agradável café-bar –, a sala inaugurada em setembro do ano passado chegou para consolidar, de vez, a Praça Roosevelt como o palco do teatro alternativo paulistano. São 700 ingressos vendidos por semana para seis peças em cartaz e muito, muito agito do lado de fora. Além de dividirem a mesma calçada – lá estão ainda os teatros Studio 184 e do Ator, ambos de pouca expressão –, os Satyros e os Parlapatões têm ingressos a preços acessíveis (o mais caro custa 30 reais) e mantêm várias produções em cartaz ao mesmo tempo. Há peças de segunda a domingo. A rotatividade do palco barateia o custo do aluguel, multiplica o público (uma peça atrai espectador para outra) e aumenta a possibilidade de surpresas na cena teatral. Outro termômetro para medir o fenômeno é que a procura de companhias para se apresentar ali não pára de crescer. “Abrimos só com espetáculos convidados”, diz Hugo Possolo, dos Parlapatões. “Na última conta, eu tinha mais de cinqüenta projetos interessados em estrear aqui.” Em outras palavras, na quantidade também se encontra qualidade. Entre as 33 peças em cartaz no momento, algumas exibem troféus da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) e do Prêmio Shell. Com pouco dinheiro e boa dose de talento, os espetáculos bem-sucedidos são meio caminho andado para fazer da área um endereço cult. Mas o que realmente a consagra como o off-off-Broadway paulistano é o respaldo da classe artística. O ator Paulo Autran foi um dos primeiros a se interessar pelas montagens até então obscuras que despontavam. É fácil encontrá-lo por lá. Antonio Fagundes e os diretores Antunes Filho e Eduardo Tolentino engrossaram o coro na seqüência. Depois vieram Paulo Vilhena, Marco Ricca, Caco Ciocler… A jornalista Marília Gabriela, que nos anos 70 morou na praça, é a mais recente entusiasta. Depois de muito ouvir falar, ela foi ao Satyros pela primeira vez há duas semanas. “Eu senti um arrepio ao ver tanta gente moderna e inteligente por ali”, conta. “Num teatro de altíssima qualidade como é o paulistano, a Praça Roosevelt se firmou graças à sua forma livre e sem preconceitos”, acrescenta. “A coisa mais difícil é definir nosso público”, diz Rodolfo García Vázquez, dos Satyros. Hoje, além da platéia, essa turma que ajudou a praça a acontecer pode ser encontrada nas calçadas, sobretudo no fim de noite, misturada a estudantes, atores, alternativos em geral…

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