Quem costuma frequentar a praça aberta próximo ao restaurante Spot, na região da Avenida Paulista, está estranhando quando se deparara com portões instalados em torno dela.
Os portões são apenas o começo do processo de fechamento dessa praça. Em breve, praticamente todo o seu entorno será protegido por placas de vidro. A obra, que previa uma série de reformas no complexo, foi contratada pelo Condomínio Cetenco Plaza, que administra a praça e também algumas torres localizadas no bloco da Avenida Paulista com a Rua Ministro Rocha Azevedo.
Em entrevista a VEJA SÃO PAULO, um funcionário do condomínio confirmou que a praça será fechada durante à noite e aos fins de semana. Ele não soube informar quando a obra será finalizada, mas disse estar quase no fim.
Apesar de ser uma praça privada, muitas pessoas circulavam por ela livremente durante o dia e durante a noite, já que, antes, ela era aberta ao público. A decisão de fechar a praça revela preocupação do condomínio com a segurança em uma área ocupada predominantemente por adolescentes que namoram nos bancos do espaço.
O arquiteto e urbanista Marcus Vinicius Damon mora na região e ficou chocado quando viu o portão instalado em volta da praça. Indignado, ele gravou um vídeo e postou nas redes sociais:
“Um dos ótimos exemplos de quadra aberta em São Paulo não é mais uma quadra aberta. Lamentável”, escreveu na postagem que publicou no seu Instagram. “São Paulo carece de espaços abertos como esse. E nunca testemunhei nada de estranho por lá. É muito triste”.
O arquiteto criticou também os materiais escolhidos pelo condomínio para se fechar praça. “Foi uma solução grosseira. O portão e as guaritas são alternativas muito agressivas. E o vidro, apesar de ser um material nobre, provoca muito reflexo. É ruim”, disse Damon.
“A praça está aberta desde a década de 70, ou seja, há quase 50 anos funcionando como um respiro para a cidade. Por que fechar agora?”.
Professor da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), José Lira disse que o condomínio errou. “A ideia de fechar a Cetenco Plaza parece-me uma péssima decisão do condomínio. Ela transforma um dos mais destacados conjuntos arquitetônicos da Avenida Paulista em um empreendimento inexpressivo”, afirmou.
Projetado nos anos 1970 por Rubens Carneiro Viana e Ricardo Sievers, o complexo tinha como grande trunfo a criação dessa praça. “Era uma área extremamente acolhedora aos usuários e acessível aos pedestres no geral”, afirmou Lira. “Tornava a região em uma das mais atraentes centralidades de São Paulo.
Os responsáveis pelo Spot foram procurados pela reportagem para saber se o fechamento da praça pode ou não interferir no movimento do restaurante, mas eles não responderam até o fechamento deste texto.