O vereador de São Paulo José Arivaldo Rodrigues, conhecido como Zé Turin (PHS), é investigado pela Polícia Civil de São Paulo por suspeitas de ter ligação com o crime organizado da capital.
O parlamentar está na mira da polícia paulista desde 4 de julho de 2018, quando virou alvo de um inquérito que está sob a responsabilidade do 89º DP, sediado no Morumbi, zona sul de São Paulo.
As investigações apontam que o vereador teria mandado um grupo de criminosos ameaçar de morte algumas lideranças de Paraisópolis que teriam denunciado fraudes cometidas por uma aliada de Turin na comunidade localizada na zona sul de São Paulo.
O nome dessa aliada é Beatriz Alves Buganeme, gestora do CEU-Paraisópolis desde 15 de dezembro de 2017. A servidora recebe um salário de 6 900 reais pagos pela Secretaria Municipal de Educação, órgão da Prefeitura responsável por esses centros.
Assim como outros cargos da administração municipal, os gestores dos CEUs são vagas ocupadas por indicações feitas por políticos. Nesse caso, Buganeme foi indicada por Turin. Essa informação foi confirmada por pessoas próximas ao vereador.
A reportagem de VEJA SÃO PAULO teve acesso ao inquérito. Nele, há o depoimento de várias lideranças de Paraisópolis que relataram como foi quando sofreram as supostas ameaçadas de Buganeme.
“No dia 20 de abril de 2018, às 10h, a senhora Beatriz Alves Buganeme, na qualidade de gestora do CEU-Paraisópolis, reuniu pessoas pertencentes a organizações criminosas da comunidade local com o intuito de intimidar e ameaçar quem fazia oposição a sua gestão, considerada por muitos cmo fraudulenta e autoritária”, diz um trecho do inquérito.
Os investigadores indicam que Buganeme seguiu ordens dadas por Turin. O inquérito trabalha com a hipótese de que o parlamentar teria usado sua influência política “para se associar ao crime organizado e ameaçar a vida de cidadãos comuns”.
Procurada pela reportagem, a gestora do CEU Paraisópolis disse que não iria se manifestar. A assessoria de imprensa de Zé Turin negou por meio de nota o envolvimento do parlamentar com qualquer facção criminosa. O texto ainda informa que o vereador não foi intimado pela polícia e que Turin não sabe do que a investigação se trata.
Questionado sobre seu vínculo com a gestora do CEU Paraisópolis, Turin escreveu que a relação dele com Buganeme “tem caráter social” e que ele a “conheceu por conta do excelente trabalho desenvolvido por ela na área da educação”.
O presidente da seção paulista do PHS e também vice-presidente nacional do partido, Laércio Beko, afirmou que defende a aplicação da lei “tanto no interesse da acusação quanto no da defesa”.
VEJA SÃO PAULO entrevistou duas lideranças da comunidade que foram prestar depoimentos à polícia depois de terem se sentido ameaçadas por Buganeme e Turin. Uma delas é o padre Claudinei Antonio Targino de Oliveira.
Oliveira era um dos colaboradores do CEU e crítico à gestão de Buganeme. No dia 20 de abril de 2018, o padre foi chamado para a reunião com a gestora. Mas, quando estava a caminho, acabou aconselhado a não ir.
“Quando estava indo para a reunião, me ligaram. Disseram que era para eu não ir, porque tinha gente armada lá. E que estavam lá para dar um cala boca no pessoal que era contra a Beatriz”, afirmou Oliveira.
“Fiquei morrendo de medo. Mas ainda bem quem me avisaram. Eu não fui nem besta de aparecer sabendo que tinha gente do crime organizado lá para dar uma prensa no pessoal. Um monte de gente armada querendo minha cabeça”.
Um morador de Paraisópolis que participou da reunião e não quis se identificar confirmou os relatos inquérito. Ele afirmou à reportagem que a reunião existiu e que havia pessoas armadas fazendo ameaças durante esse encontro.
Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que já pediu a exoneração da gestora do CEU Paraisópolis. A demissão de Buganeme será divulgada na edição de sábado (15) do Diário Oficial.
“Tendo em vista a gravidade dos fatos relatados, a Secretaria Municipal de Educação (SME) solicitou a exoneração de Beatriz Alves Buganeme do cargo de gestora do CEU Paraisópolis, para que ela também possa cuidar da própria defesa”, informou a secretaria por meio de uma nota. “A pasta vai colaborar com o trabalho de investigação já conduzido pela polícia”.
A polícia já começou a colher outros depoimentos e eventuais provas sobre o caso. Ao fim do inquérito, o delegado encaminha ao Ministério Público tudo o que foi apurado. Caberá à Promotoria decidir se vai ou não denunciar Turin e Buganeme à Justiça. Se o Ministério Público optar pela denúncia, ambos se tornarão réus.