Quando foi inaugurado, em novembro de 2005, o Planetário do Carmo era o único do gênero em funcionamento na cidade. O do Ibirapuera estava interditado desde 1999 e só reabriria em 2006. Com 12 000 lentes, seu projetor Universarium VIII havia passado por uma atualização tecnológica para se tornar o mais avançado do Brasil. Sua cúpula, de 20 metros de diâmetro, dividia com a do planetário do Rio de Janeiro a condição de a maior do país. Bancado pela Telefônica, o prédio construído para abrigar o planetário, no Parque do Carmo, em Itaquera, custou 11 milhões de reais. Sua arquitetura, estilosa, lembra a forma espiralada das galáxias. Mais de 100 000 visitantes depois, o local está sem funcionar há sete meses. “Temporariamente fechado para reforma”, anuncia um cartaz afixado em sua entrada. Informação, aliás, que não aparece no site da prefeitura (até a última quarta-feira era possível encontrar ali seus “horários de funcionamento”). Nem no Guia dos Parques Municipais, livreto lançado pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente no último dia 30. Nas páginas desse guia, o planetário aparece como uma das atrações do Parque do Carmo – sem nenhum aviso de que, ao que tudo indica, não vai reabrir tão cedo.
O principal motivo que levou o planetário a ser interditado é a infiltração de água. Na época das chuvas de verão, começaram a surgir goteiras e rachaduras. Um fantasma que vem à lembrança: o Planetário do Ibirapuera também sofreu com isso. “Mas era diferente”, explica o astrofísico Fernando Nascimento, diretor dos planetários de São Paulo. “O prédio do Ibirapuera já tinha mais de quarenta anos e apresentou esses problemas por causa da idade.” Medidas de primeiros socorros foram tomadas para preservar os equipamentos. Uma espécie de cabaninha coberta com plástico protege atualmente os projetores, e o Universarium VIII ganhou uma capa de tecido, para evitar o acúmulo de poeira. Mesmo com o planetário desativado, os aparelhos são ligados semanalmente para um check-up.
Em fevereiro, a Secretaria do Verde pediu à Telefônica que se encarregasse de saber o que ocorreu com o prédio. A Telefônica, por sua vez, acionou a construtora Afonso França, responsável pela execução da obra, e encomendou a uma empresa independente uma série de laudos técnicos. O diagnóstico deve ser entregue à prefeitura em outubro. Somente então se decidirá quem vai arcar com a reforma na estrutura do prédio e quando as obras começarão. Enquanto isso, os trinta funcionários dos planetários paulistanos, que se revezam entre os parques do Ibirapuera e do Carmo, convivem com as 274 poltronas vazias deste último. “É triste, mas são coisas da vida”, conforma-se Nascimento. “Como numa cirurgia, esperamos que o prédio volte a funcionar em condições plenas.” Só não se sabe quando.