Diferentemente dos ciclistas e skatistas, não são muitos os patinadores que se aventuram pelas ruas movimentadas da capital. Eles preferem se reunir em segurança em parques específicos e pistas. Isso porque a escolha do local é determinante para o tipo de modalidade praticada. E, acredite, elas chegam quase a uma dezena.
Entre os estilos mais conhecidos está o street. Os radicais desafiam a gravidade em rampas e corrimões também usados por adeptos do skate. Em geral, são homens e adolescentes.
Já as mulheres preferem o fitness – sem manobras e de olho nas calorias perdidas – ou o slalon, quando se percorrem distâncias ao redor de cones, o que é um ótimo exercício para o fortalecimento de pernas e glúteos. A garotada também não fica de fora e pratica, é claro, de forma recreativa em terrenos planos.
A novidade do momento fica por conta da espécie de dança que os frequentadores do Roller Jam, na Mooca, fazem sobre patins de quatro rodinhas. Com piso todo de madeira, o espaço é o único rinque de patinação tradicional em São Paulo, inspirado em casas americanas dos anos 70 e 80. Ali, não é incomum ver pessoas requebrando ao som de disco. Os monitores até incentivam a criação de coreografias, e a patinação vira uma balada. Para quem não tem o próprio equipamento, a casa disponibiliza aluguel.
A tradicional Marquise do Ibirapuera é outro ponto de encontro e uma ótima opção para iniciantes, pois é uma verdadeira sala de aula. Mesmo durante a semana, veem-se patinadores experientes darem uma ajudinha aos que ainda aprendem. Mediante agendamento, o professor Robson Corvo, de 40 anos, dá aulas há dez anos no local. “Depois da reforma, melhorou muito. O piso está perfeito e a iluminação também, para quem quer fazer aulas à noite”, diz.
Opções não faltam para quem tem vontade de experimentar a sensação de deslizar sobre rodinhas. Escolha o seu reduto e arrisque-se. Antes disso, porém, confira algumas dicas de segurança dadas por especialista.
Luzes coloridas ao som de jazz ou soul music. Parece que você está nos Estados Unidos dos anos 70. Inaugurada há três meses, a Roller Jam é o único rinque de patinação da cidade atualmente. “Nós frequentávamos lugares assim quando éramos adolescentes, mas depois eles fecharam”, diz um dos sócios, Tho Medeiros. Saudosista, ele iniciou uma peregrinação por dez rinques do país, em oito cidades. “Queria encontrar a pista perfeita. Descobri uma que não escorregava e convenci o dono a me contar qual era a resina utilizada. Importei as latas e inaugurei a Roller Jam.”
O piso de madeira de 450 metros quadrados é mesmo um tapete e não machuca como o alfasto, caso o equilíbrio falte. A casa incentiva a patinação tradicional, com aqueles equipamentos com quatro rodinhas, alugados por R$ 10,00 (por tempo indeterminado), além do valor da entrada de R$ 20,00. Os números vão do 32 ao 44.
Funciona somente às quintas, sextas, sábados e domingos e costuma receber cerca de 700 pessoas por fim de semana. As noites de sexta-feira são ideais para quem está aprendendo, pois o movimento é menor. Aos sábados, crianças dominam a pista até as 22h. Depois, vira uma festa. Aos domingos, por fim, o passeio é para a família. As mães costumam ficar sentadas nas mesinhas, enquanto os filhos patinam.
Para matar a fome, um trailer retrô serve cachorro-quente (R$ 3,50), mini-pizza (R$ 4,50) e salgados (R$ 3,50 cada). Quem se cansar das rodinhas ao longo da noite, pode ainda optar pela diversão em quatro máquinas de fliperama, ao lado de uma pista de dança convencional.
É uma boa opção para os moradores da Zona Leste que praticam o street. A pista dominada por skatistas durante a semana divide espaço com os patinadores aos sábados e domingos. De segunda a sexta, o movimento é maior a partir das 17h, quando o sol está mais baixo. Aos finais de semana, o local está sempre cheio. Como as rampas não são muito altas, alguns iniciantes mais corajosos também podem arriscar.
A pista apresenta, porém, algumas rachaduras e pequenos buracos, mas nada que atrapalhe muito. “O piso de granilite, quando novo, é ideal para as manobras, por ser liso. Mas ele racha com facilidade e exige reparos”, diz o frequentador Henrique Siqueira, de 19 anos. No centro da pista, há uma área com obstáculos, como o corrimão e o caixote, bem conservados.
Basta atravessar o portão do parque para colocar os patins nos pés. É permitido transitar sobre rodinhas na ciclovia de 1 500 metros. E os usuários que gostam de fazer manobras costumam deslizar até a área de skate, onde há quatro rampas, além de obstáculos, como corrimão e caixote. O piso do parque, inaugurado em julho do ano passado, é ideal para patinar. Por ser novo, é bem liso e não há buraquinhos. Mas atenção: não é permitido andar de patins na pista de cooper.
Especialmente para os apreciadores do slalon, foi reservada uma área coberta de 800 metros quadrados, em frente à administração do parque. O local foi inspirado na Marquise do Parque do Ibirapuera. O uso de skate e bicicleta é proibido, o que é uma maravilha para iniciantes. Durante a semana, pode-se encontrar a área vazia. Já aos sábados e domingos, ela é mais disputada, por cerca de 30 patinadores por dia.
A famosa pista de skate é também muito usada por patinadores que praticam street. Está em ótimas condições e não apresenta uma rachadura sequer. A única reclamação dos frequentadores é que, nos dias de chuva, ela fica suja de lama, pois o parque é todo de terra. A ausência de área cimentada também atrapalha quem quer deslizar em uma área maior, restringindo o uso à pista de manobras.
Para os mais aventureiros, rampas, caixotes, corrimão, palcos e pirâmide são alguns dos obstáculos, que deverá ser batizada de Chorão, em homenagem ao vocalista da banda Charlie Brown Jr. O Parque da Juventude está sempre cheio, mesmo durante a semana. É uma boa opção para quem já domina a arte de patinar, mas não para iniciantes e crianças.
Não é de hoje que a marquise é reduto de skatistas e patinadores. Ali é possível encontrar instrutores e combinar diretamente com eles o valor das aulas. Elas funcionam melhor durante a semana: como o movimento é menor, é possível colocar pirâmides para treinar os movimentos do estilo slalon, como andar de costas e fazer ziguezague, contornando cones. Aos sábados e domingos, este tipo de treinamento é mais complicado, pois ó local fica movimentado.
Reinaugurada em dezembro do ano passado após três anos de reforma, ela se transformou em um paraíso para os patinadores, em dias de sol ou de chuva, pois é coberta. Fica bem iluminada à noite e o piso não apresenta imperfeições, nem mesmo no rejunte. A área só não é a melhor opção para os praticantes do Street, pois não é permitido levar obstáculos.
Aluga patins por R$ 15,00 a hora e embora seja permitido circular por toda a extensão do parque, as áreas recomendadas são as denominadas Cabo da Raquete e Ilha Musical. De concreto, elas não têm buracos. Além disso, tiras cinzas pintadas com uma tinta especial foram feitas especialmente para facilitar as manobras de quem pratica slalon. “As pessoas costumam colocar os cones e treinar nessa área, que tem menos atrito”, diz o estudante Taynan Ygor Albuquerque, de 19 anos. Só tome cuidado em dias de chuva: as tiras ficam escorregadias.
Abriga ainda uma pista de asfalto, que contorna o parque. Mas ela está cheia de imperfeições, o que dificulta a estabilidade dos iniciantes e das crianças. Os melhores dias para a garotada são de segunda a sexta, antes das 18h. Depois disso, o movimento aumenta. Aos sábados e domingos, o espaço também é bastante disputado.